UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Carruagens de fogo

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carruagens de fogo

Pois é... Eu ontem morri na praia com o meu comentário do dia. Na verdade, eu naufraguei foi no sono. Quanto dei por mim, já estava pescando diante da tela do computador, com as mãozinhas apoiadas em cima do teclado como se tocasse piano. Um completo fiasco! Não teve jeito mesmo. O que era para ser comentado ontem, ficou para hoje. E o que é de hoje, só Deus sabe. E assim vamos levando a vida em 2012: vivendo a vida como se tudo fosse para ontem.

Bem, mas vamos ao que interesssa. Tem uns que se preocupam com a propaganda enganosa: aquela que tenta vender o que não existe. Tem outros que se insurgem contra a propaganda milagrosa: aquela que tenta vender um milagre que ainda está por vir.

E existe também um tipo de associação bastante perniciosa entre as duas, coisa que o Conselho Federal de Medicina está tentando a todo custo coibir, com a entrada em vigor ontem, dia 15, de novas "normas para coibir a propaganda enganosa de serviços médicos no país" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/conselho-federal-de-medicina-fecha-cerco-a-propaganda-enganosa-1.406965).

As normas envolvem um pacote de restrições, que incluem, entre outras coisas, a propaganda médica nos veículos de comunicação tradicionais e na Internet, principalmente no que se refere às redes sociais.

Com isso, os médicos "não podem anunciar o uso de técnicas 'milagrosas' e nem participar de concursos como 'médico do ano' ou 'profissional de destaque' ". Também está vetado o uso de "imagens dos pacientes para apresentar resultados de tratamento, os conhecidos 'antes e depois', e angariar clientes por meio das redes sociais", revela notícia do Jornal Hoje em Dia.

O que mais me surpreende com a aprovação dessas normas é perceber que até então a propaganda das chamadas "técnicas milagrosas" nunca tinha sido desautorizada, circulando assim em total liberdade pelos rincões do País das Mil e Uma Plásticas. E também que as comparações de tipo "antes/depois" tenham grassado em tão completa impunidade em plena era do Photoshop. Mas mais triste ainda é saber que determinadas especialidades médicas passaram a ser referendadas por "concursos", chancelando um viés cada mais competitivo na profissão.

Só que santo que é santo de verdade não promete milagre: ele simplesmente faz. E se estética for o único critério para se avaliar o "antes/depois" de um caso, então a "obra" poderia ser facilmente resolvida por um designer gráfico, sem grandes danos para a saúde do paciente. Enfim... mais um pouquinho e as provas para residência médica seriam substituídas por maratonas olímpicas, onde somente uns poucos candidatos suficientemente "habilidosos" para chegar ao pódio teriam o resultado dos seus "esforços" reconhecido por pares. Se possível, ao som da canção "Carruagens de Fogo", para dar um ar mais "glorioso" ao reconhecimento público.

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