UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: A lista

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A lista

Enfermeira habituada a cuidar de pacientes terminais escreve livro relatando os cinco arrependimentos mais frequentes de quem está prestes a morrer (http://f5.folha.uol.com.br/humanos/1046241-veja-os-cinco-maiores-arrependimentos-daqueles-que-estao-para-morrer.shtml).

Bronnie Ware é autora de "The Top Five Regrets of the Dying", livro no qual "ela conta que os pacientes ganharam uma clareza de pensamento incrível no fim de suas vidas e que podemos aprender muito desta sabedoria".

Eis aqui, portanto, a lista dos cinco principais arrependimentos:

1. "Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse". A autora avalia que as pessoas costumam chegar ao fim da sua vida sem realizar nem a metade dos seus sonhos. Mas fala também de uma espécie de clarividência desses sonhos, que só aparece quando perdem a saúde: "A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais".

2. "Eu gostaria de não ter trabalhado tanto". Drama vivido principalmente por homens que gastaram a maior parte de suas vidas no interior de uma corporação: "Eles sentiam falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros", relata.

3. "Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos". O drama da não-expressão de sentimentos, por sua vez, não encontra barreira nem preferência de gênero: "Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como resultado, eles se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eles realmente eram capazes de ser".

4. "Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos". A hora da morte é também a hora de maior solidão, em que se percebe a ausência daqueles que foram ficando para trás com o passar dos anos. "Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até eles chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear essas pessoas".

5. "Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz". Uma das principais conclusões às quais se chega ao fim da vida é a de que felicidade é uma opção de vida: "Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só percebem isso no fim da vida que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em antigos hábitos e padrões. O famoso 'conforto' com as coisas que são familiares O medo da mudança fez com que ele fingissem para os outros e para si mesmos que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo".

Estranhamente dramático e iluminador ler isto a 15 minutos de completar 37 anos de idade. Para o meu consolo, nesta altura da vida ainda me sinto isenta de pelo menos dois arrependimentos (vivo a vida que eu quero e não trabalho além do que julgo necessário - talvez um pouco mais aquém, mas não além, rsrs...). O que não significa que eu não venha um dia a sofrer das demais modalidades. Só o tempo e a constância dirão, por exemplo, se serei capaz de preservar as amizades antigas e novas que trago comigo até o presente. E só o tempo dirá se terei um dia coragem de olhar nos olhos daquele lobo e dizer o quanto ele foi importante para mim. Mas tudo isso ainda precisa passar pelo crivo dos anos vividos.

Veredito final adiado por mais alguns anos. Quantos? Ninguém sabe. Mas fica claro, a meu ver, que o principal mérito de se ter acesso a uma lista semelhante desde a mais tenra idade é a consciência de que a felicidade é um processo. Neste sentido, cabe aqui uma última ponderação: a felicidade NÃO é UMA escolha, mas o resultado permanentemente atualizado de várias delas.

Um brinde, pois, a esse upgrade anual a que chamamos de aniversário!

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