UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Irisdecente

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Irisdecente

Cientistas e demais mortais têm motivos de sobra para celebrar a vida nessa 4a feira de cinzas.

Os primeiros pulam de felicidade com a descoberta de uma nova espécie de lagarto colorido no Camboja: "Uma nova espécie de lagarto com a pele iridescente, uma longa cauda e patas muito curtas foi descoberta na floresta tropical do nordeste do Camboja, informaram nesta quarta-feira (22) os conservacionistas" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/cientistas-encontram-nova-especie-de-lagarto-iridescente-no-camboja-1.409963).

Dificilmente localizável por passar grande parte de sua vida sob a terra, o lagarto Lygosoma veunsaiensis (nome científico do bicho) atrai o olhar de curiosos pela sua singularidade: a "nova espécie é incomum porque tem membros muito curtos e uma cauda que é muito maior do que o seu corpo principal. Sua pele tem uma qualidade de refração para as escalas que cria um efeito de arco-íris na luz solar", explica a matéria publicada hoje no jornal Hoje em Dia.

Pois eu hoje eu entendi que nós, reles mortais, também temos muito a aprender e a celebrar com essa nova descoberta. Se aceitarmos o convite dessa 4a feira de cinzas e deixarmos nossas máscaras caírem - aquelas mesmas que usamos para esconder nossos sentimentos mais profundos como afeto, medos, angústias e vulnerabilidades - no mínimo seremos como os Lygosomas veunsaiensis: reconhecidos pela nossa singularidade e beleza, mesmo se teimamos em passar a maior parte das nossas vidas escondidos debaixo de espessas camadas de terra.

O problema é que essa terra toda que nos abriga da luz do sol, somos nós mesmo que cavamos. E se deixamos de ser apreciados pelo que somos, a culpa é em parte nossa. Quem mandou passar tanto tempo lá embaixo?

Saiamos, pois, deste falso dilema: nossa beleza intrínseca - esse arco-íris existencial que refrata todas as cores do espectro solar - só brilha à luz do sol! Triste de quem optar pelo baile de mácaras no fundo da terra: não verá o brilho do sol iluminar a própria face, e nem permitirá que sua própria beleza seja apreciada pelo mundo.

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