"Em Roma como os romanos", diz o ditado.
Pois é... Quem mandou o ator Gérard Depardieu trocar a cidadania francesa pela russa? Essa pergunta, suspeito eu, deve ter torrado as caraminholas do próprio ator. Pelo menos é o que faz supor esta notícia publicada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo online: "O Grande Teatro Dramático de Tiumen, no sul da Sibéria, quer propor ao
ator francês - e agora cidadão russo - Gérard Depardieu um contrato de
um ano com um salário base de 16 mil rublos (pouco mais de R$ 1.000)" (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1212274-teatro-na-siberia-quer-contratar-depardieu-por-salario-de-r-1000.shtml).
Para entender o quão irônica pode soar a proposta do teatro russo, é preciso estar a par da famosa querela da troca da cidadania suscitada pelo célebre ator que representou Obelix no cinema francês, querela esta que já havia sido comentada em verso e prosa nos mais diversos veículos de comunicação, inclusive neste blog (http://cronicasdejuvenal.blogspot.com.br/2012/12/obelix-fujao.html).
A razão para um gesto considerado anti-nacionalista por alguns está ligada à insatisfação dos proprietários de grandes fortunas na França diante do rigor da nova política fiscal do governo Hollande. Mas a realidade de lá é outra: além do salário de base e outros benefícios que foram propostos a Depardieu, "a instituição estaria disposta a custear o aluguel de uma
casa simples para o ator, no centro de Tiumen, que tem pouco mais de 600
mil habitantes.
ou buscar uma nova cidadania".
Mas agora que começa a chover ofertas de emprego para Depardieu, talvez
seja hora do ator pensar seriamente em se adaptar à realidade de seu
novo país... Ou - quem sabe - mudar mais uma vez de cidadania, até achar um pacote "casa + emprego + política fiscal" que lhe seja palatável.
Uma coisa é certa: com essa Depardieu não contava! De tão rigoroso, o inverno russo é capaz de congelar qualquer salário!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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