O achado de pesquisa está bem longe de surpreender, mas não deixa de ter lá o seu atrativo: "Pesquisadores suecos concluíram que cantores de corais não apenas
sincronizam suas vozes, mas também os batimentos cardíacos", revela notícia da BBC replicada hoje pelo jornal O Globo online (http://oglobo.globo.com/ciencia/cantores-de-corais-tem-sincronia-na-voz-no-coracao-revela-estudo-8974845).
A bem da verdade, qualquer iogue meia-boca dá fé do "achado científico": "Os
cientistas explicam que as pulsações aceleram ou ficam mais devagar no
mesmo ritmo porque, para cantar, o coral precisa ter o mesmo tempo de
respiração".
Isto talvez explique a repentina afinação de ideias que o nosso distinto
Senado experimentou no dia de hoje: a julgar pela decisão tomada no
calor das emoções com os últimos casos de espionagem dos EUA, a
sincronia é de corpo, mente e espírito. "A Comissão de Relações
Exteriores do Senado aprovou nesta terça-feira,
em votação simbólica, uma moção de apoio para que a presidente Dilma
Rousseff conceda asilo político a Edward Snowden".
Infelizmente, não é a respiração nem a música, mas nossos brios
nacionalistas que justificam tamanha afinação: se fosse para votar o
aumento do salário dos professores, tenho certeza de que a maioria
sairia do compasso. O raciocínio é simples e certamente desconcertaria
os pesquisadores suecos: para um Senado como o nosso, que vive dançando
conforme a música, sincronia é quase um acidente de percurso.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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