UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Es-pi-o-na-gem!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Es-pi-o-na-gem!

Senhoras e senhores, bem-vindos à mais nova reedição da Guerra Fria. Sim, podem passar, é por aqui mesmo. À direita, temos um guarda-volumes. Queiram deixar aí seus pertences mais valiosos: carteira, joias, reloginho do Mickey (com ou sem grife), seu diploma, seu orgulho e, claro, sua dignidade. Aqui, no País das Mil e Uma Plásticas, não carece levar tanta coisa na bolsa, mesmo porque a chance de ficar sem bolsa é grande.

Queiram passar mais adiante, por favor, no detector de espiões. Se apitar, é porque as empresas de telecomunicações sediadas no Brasil permitiram. Isso mesmo: eis o "bafão" do dia, da semana, quiçá do mês: segundo reportagem publicada ontem no jornal O Globo online, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) e Agência Central de Inteligência (CIA) do mesmo país contaram com a cooperação de empresas de telecomunicações do Brasil para espionarem milhões de telefonemas e correspondências eletrônicas trocados por brasileiros e por pessoas em trânsito no Brasil (http://oglobo.globo.com/mundo/nsa-cia-mantiveram-em-brasilia-equipe-para-coleta-de-dados-filtrados-de-satelite-8949723).

Tiro para lá de mal dado, este descalabro de monitoramento só nos fez ter mais apreço pelo seu responsável, o ex-agente da CIA e persona non grata Edward Snowden. Além de ser o dedo-duro da vez (revertendo o feitiço contra seu feiticeiro), Snowden conseguiu algo raro: fazer com que nós, brasileiros, olhemos a vizinha Venezuela com olhinhos de cobiça: afinal, por que eles e não nós, brasileiros, oferecemos asilo político ao mais novo herói mundial? A pergunta, acreditem, já começou a ser encampada por alguns dos nossos mais caros senadores (http://oglobo.globo.com/mundo/senadores-defendem-que-brasil-conceda-asilo-edward-snowden-8962251).

O mais engraçado é imaginar o trabalhão que terão os EUA para monitorar todos aqueles que comentarem suas ações de espionagem daqui por diante: se já eram milhões de emails e telefonemas, imagine agora, que a artimanha caiu na boca do povo?

A notícia é tão lastimável que, do ponto de vista prática, só nos resta lamentar o fato de continuarmos sendo quintal de superpotência e, colateralmente, tentar levar alguma vantagem nesta história. No caso de um blog como este que vocês lêem, que tem tentado funcionar muito capengamente durante as horas diurnas, ainda há alguma esperança de se capitalizar com a atenção alcançada. Assim sendo, escreverei a palavra "espionagem" repetidamente nos meus comentários diários, de preferência com letras garrafais, para que algum motor de busca passeie pelo meu blog. Pelo menos, o esforço de vigilância vai ser servir para alimentar as estatísticas de visita do blog e, com isto, aumentar as chances de converter a indiscrição alheia em ganhos com publicidade visualizada.

Enfim... hora de dormir. Motores de busca da CIA são, seguramente, mais notívagos do que eu.

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