Autor do livro "O Crepúsculo do Macho", Fernando Gabeira jamais sonharia com a possibilidade de que o crepúsculo chegasse ao seu ápice hoje, com a morte do ator americano Eric Lawson.
"O ator Eric Lawson, protagonista de comerciais do cigarro Marlboro
durante os anos 1970, morreu de doença pulmonar no dia 10 de janeiro,
aos 72 anos, em sua casa na Califórnia" (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/01/1403402-morre-de-doenca-pulmonar-ator-do-comercial-da-marlboro-aos-72-anos.shtml).
Apesar de ter encenado diversos seriados de TV, foi na publicidade que Lawson conquistou seu título de grande ícone de virilidade masculina - isto é, antes que o filme "Brokeback Mountain" reenquadrasse o mito do cowboy em uma perspectiva homoafetiva.
Associações esdrúxulas para vender cigarros, algumas delas prometendo saúde ou virilidade, são uma estratégia antiga da indústria do tabaco (http://cronicasdejuvenal.blogspot.com.br/2011/06/no-tunel-do-tempo-da-publicidade-6.html). Tampouco foram os homens os únicos públicos-alvo de tais publicidades: as mulheres também tiveram seu quinhão de falácias, prometendo liberdade e emancipação (http://cronicasdejuvenal.blogspot.com.br/2011/06/no-tunel-do-tempo-da-publicidade-7.html).
Tragicamente, o herói de Marlboro acabou experimentando do próprio veneno: "Lawson —fumante desde os 14 anos— chegou a fazer campanhas
anti-tabagismo parodiando a Marlboro, além de participar de um debate
sobre os efeitos prejudiciais do cigarro no programa 'Entertainment
Tonight', embora tenha continuado a fumar até ser diagnosticado com a
doença".
Meu caro Lawson, que Deus o tenha e os anjos o recebam em coro. Mas que não haja mais enganos: não há contra-publicidade neste mundo capaz de salvar um pulmão corroído pelo tabaco.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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