UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Entradeira

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Entradeira

O primeiro dia do ano me pegou arrumando armários e gavetas - desses que há muito tempo foram sonegados ao esquecimento, seja pela correria nossa de cada dia, seja pelo adiamento constante de uma faxina mais completa. E quando falo em arrumação, apelo aqui ao sentido mais prático do termo, isto é: a uma sequência de tarefas físicas que envolve abrir portas, esvaziar, separar o que fica do que vai para o lixo, limpar, limpar, organizar, reordenar, dispor as coisas de outra forma.

É claro que a sequência supracitada tem lá também o seu sentido metafórico. E não foi por acaso que venho me dedicando, desde ontem, a esta árdua tarefa de organizar os cantos mais sombrios e menos visitados da minha casa. Vinha adiando esse desafio há muito tempo, pelo tempo e pelo esforço que ele me demandaria. Só que desafio adiado acaba virando fardo. Infelizmente.

Por outro lado, a vantagem em fazer isso logo no primeiro dia do ano é a combinação favorável de disponibilidade e disposição. A disponibilidade advém do fato de a esmagadora maioria dos meus amigos terem passado o dia em casa, exatamente como eu. Das duas, uma: ou eles estão ressaqueados, jurando que nunca mais vão beber (promessa improvável de ser cumprida, diga-se de passagem); ou eles estiveram visitando seus entes queridos. Ou ambos.

Já a disposição para a faxina é um propósito interno. É uma atividade prática, é bem verdade, mas com pretensões existenciais. Não que se possa mudar o mundo com isso. Mas penso que limpar e organizar é o mesmo que deixar para trás o que já não me cabe, para então arejar os pensamentos e fluir na vida de maneira harmônica e na medida certa. 

Pode parecer otimismo de primeiro dia do ano... Que seja! Faz tempo que o otimismo não me bate à porta. Seja bem-vindo, então: a casa é sua.

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