UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Delírios públicos e privados

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Delírios públicos e privados


O presente comentário é para você que está aí, reclamando que este país não tem eira nem beira, ou futuro que o valha. Notícias publicadas hoje na imprensa brasileira confirmam que não é só aqui que acontecem coisas sem pé nem cabeça nos domínios público e privado.

Por exemplo, em anúncio bombástico hoje à imprensa, o procurador do distrito de Manhattan, Cyrus R. Vance Jr., informou o indiciamento de um grupo de 80 policiais e bombeiros envolvidos em um esquema de aposentadorias fradulentas após o atentado às torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001.


De acordo com notícia publicada no jornal Folha de S. Paulo, "os acusados supostamente receberam entre US$ 30 mil e US$ 50 mil ao ano sob o pretexto que estavam completamente deficientes por transtornos psiquiátricos graves, como estresse pós-traumático, ansiedade ou depressão causadas por seus trabalhos nos atentados contra o World Trade Center" (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/01/1394596-oficiais-sao-acusados-de-fraude-por-fingir-incapacidade-apos-11-de-setembro.shtml).

Ironicamente, a desculpa teria colado bem se - e somente se - a vontade de exibir a vida privada não fosse maior do que a própria desonestidade com o erário público. "No entanto, em seus perfis de Facebook e outras redes sociais, os policiais e bombeiros mostravam fotografias nas quais passeavam em motos, pescavam na Costa Rica ou mostravam suas habilidades como pilotos de helicóptero ou instrutores de artes marciais".

As investigações, no entanto, confirmaram que "os organizadores desta trama dirigiram centenas de solicitações ao Seguro de Incapacidade da Seguridade Social mentindo sobre suas condições psiquiátricas e fingindo certos sintomas com o propósito de obter benefícios aos quais não tinham direito". Ui!

E antes que se diga que os vícios são próprios da vida pública, eis que a realidade nos brinda com outro exemplo delirante: o empresário japonês, Kiyoshi Kimura, dono da rede japonesa de restaurantes Sushi Zanmai, comprou o atum mais caro de todos os tempos: "De acordo com o The New York Times, Kimura pagou mais de R$ 4 milhões por um peixe de 221 quilos (cerca de R$ 18 mil por cada quilo)" (http://www1.folha.uol.com.br/comida/2014/01/1394054-dono-de-restaurante-japones-paga-r-4-milhoes-por-atum-bluefin.shtml).

A justificativa para um preço tão exorbitante? "O preço do atum é normalmente alto por conta da escassez do peixe, ameaçado de extinção, mas seu valor é inflacionado por causa da competição anual entre donos de restaurantes". Neste caso, a vaidade é inversamente proporcional à responsabilidade ambiental: "Eles querem ter o prestígio de comprar o primeiro atum do mercado de peixes Tsukiji, em Tokyo, local onde acontecem os disputados leilões."

De um ponto de vista ético e moral, as coisas andaram todas invertidas ao longo do dia. "Peixe escasso?" "Tudo bem, eu pago." "Trabalhar em prol da manutenção de vidas?" "Boa ideia. Mas quem paga é a coletividade".

Com uma realidade assim tão delirante, eu me pergunto: pra quê narcóticos?

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