UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Brevíssima sobre o Machado branco

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Brevíssima sobre o Machado branco

A notícia publicada hoje na Folha online remete à representação imagética que se fez do santo padroeiro desse blog, Machado de Assis, em uma publicidade da Caixa Econômica Federal.

Contrariando as atitudes mais recorrentes da parte dos anunciantes quando o assunto é discriminação, "a Caixa Econômica Federal tirou do ar ontem um comercial sobre seu aniversário de 150 anos no qual o escritor Machado de Assis era representado por um ator branco" (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/978575-caixa-tira-do-ar-propaganda-que-retrata-machado-de-assis-como-branco.shtml).

A matéria relata que a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) esteve a frente de uma nota de repúdio à publicidade, visto que Machado de Assis era tudo, exceto branco (provavelmente mulato, já que sua mãe era negra). "A secretaria redigiu um comunicado em que se referiu ao comercial como uma 'uma solução publicitária de todo inadequada' ". Diante do exposto, a SEPPIR pediu o reconhecimento do equívoco e a correção do vídeo.

Interessante notar que a matéria cita os termos da retratação do banco -"a Caixa lamenta que a peça não tenha caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com sua origem racial", mas não informa que a segunda solicitação da SEPPIR - a reformulação do comercial com a representação verossímel do fundador da Academia Brasileira de Letras - não foi acatada. Na verdade, a Caixa não reformulou o vídeo, ela apenas sustou sua veiculação. Portanto, o anunciante não corrigiu o erro, ele apenas limitou o dano causado pela publicidade, impedindo sua reprodução.

Pois ficamos todos a ver navios, sem o Machadão na sua versão afro-brasileira, sem sua ironia preciosa, nem suas tiradas de mestre. Não fosse o homem uma figura historicamente datada, ainda ia. Mas Machado de Assis branco e sem senso de humor é que nem peixe com espinho: difícil de engolir.

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