UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Caça-níqueis

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Caça-níqueis

Todas essas histórias de tesouros perdidos no fundo do mar sempre seduziram mentes propensas ao desbravamento e à ambição. Mas esta última do navio mercante inglês SS Gairsoppa promete muito mais do que isso (http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/09/26/descoberto-no-fundo-atlantico-tesouro-da-segunda-guerra-925441139.asp). Ela serve de analogia para outra história muito menos gloriosa, ligada à situação do ensino público no estado de Minas Gerais.

Em 1941, o SS Gairsoppa saiu levando um tesouro de 200 toneladas em prata, estimado em R$ 440 milhões, da Índia para a Inglaterra. Só após ser atingido por um submarino alemão, o navio foi parar a 4.700m de profundidade, a um raio de 500km da costa da Irlanda. Mesmo com toda a dificuldade prevista, o resgate promete compensar a empresa responsável pela descoberta, a americana Odyssey Marine: 80% deste montante fica com ela, enquanto os 20% restantes irão parar nas mãos do governo britânico.

Mas que tipo de analogia pode ser retirada deste fato verídico?

Imaginem o ensino público neste estado há até uns 30 anos atrás, quando sua qualidade era o equivalente 200 toneladas de prata. Apesar de toda essa riqueza, os governos do estado agiram e agem como os submarinos alemães: bombardeiam o navio com toda sorte de políticas espúrias. Sua artilharia de ponta é o achatamento salarial, mas com uma particularidade importante: ao contrário de um bombardeio real, em que os torpedos causam danos severos e imediatos, o achatamento salarial pode ser executado ininterruptamente ao longo dos anos.

Fora isso, meus amigos, a analogia prevalece: o navio do ensino público afundou vertiginosamente nestes últimos anos e a qualidade do ensino foi para o fundo do oceano. Até que as empresas privadas - sob os auspícios do poder público - assumiram o comando da situação, indo buscar para si a riqueza perdida.

Se esse caminho tem volta, eu não sei. Mas se depender do Supremo Tribunal Federal, que considerou ilegal uma greve que não nada além de reivindicar a aplicação de um direito adquirido (http://www1.folha.uol.com.br/saber/981177-stf-mantem-decisao-que-considera-abusiva-greve-de-professor-em-mg.shtml), e do atual governo deste estado, o caminho é realmente... o fundo do fundo do mar!

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