UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Memorex para mulheres

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Memorex para mulheres

Duas notícias publicadas hoje colocaram em foco os revezes da memória humana, de modo geral, e das mulheres, particularmente falando.

A primeira dessas notícias, publicada na Folha online, revela que a capacidade de recordar da origem de uma dada informação é mais lenta nas crianças e que tal capacidade só atinge sua plenitude na fase adulta (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/973882-memorizacao-so-se-desenvolve-por-completo-na-fase-adulta.shtml).

A notícia descreve estudo desenvolvido pela Universidade de Saarland, na Alemanha, utilizando grupos de controle de faixas etárias distintas compostos por crianças, adolescentes e jovens adultos. A conclusão geral é que "embora a capacidade de memorização melhorasse de modo geral com a idade, a capacidade de reconhecer a fonte das informações retidas na memória - avaliada no segundo teste - era particularmente fraca nas crianças". É aquela velha história: quando crianças, lembramos do milagre, sem saber direito quem é o santo.

Outra notícia, desta vez publicada no O Globo online, replica matéria do "Daily Mail" sobre um outro estudo, desta vez levado a cabo pela Universidade da Califórnia, e que analisou o modo como a memória opera em mulheres, separando-as em usuárias de pílulas anticoncepcionais e em não-usuárias (http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2011/09/12/pilula-anticoncepcional-influencia-lembranca-das-mulheres-mostra-estudo-925333475.asp).

O estudo revela que "a pílula anticoncepcional pode influenciar a forma como as mulheres lembram das informações", pois a capacidade das mulheres se lembrarem logicamente de um evento estaria ligada aos níveis de estrógeno e progesterona no sangue. O que não quer dizer que a pílula danifique diretamente a memória mas, sim, a forma pela qual os eventos são lembrados. "As [mulheres] que usavam a pílula lembraram com mais clareza dos aspectos gerais do evento - que um menino havia se envolvido na batida e como os médicos trataram dele. As que não usavam a pílula lembraram de mais detalhes - que havia um hidrante próximo ao carro, por exemplo".

Mas somente uma análise conjunta e consistente das duas notícias acima poderia nos levar às seguintes conclusões (muito brilhantes, por sinal):

1) quando crianças, as mulheres se lembram até muito bem dos milagres, mas muito vagamente dos santos;

2) quando chegam à fase adulta, a coisa melhora e elas já se lembram de tudo: milagre, santo, data, horário e até a marca do perfume do santo;

3) se, na fase adulta, elas começam a tomar pílula anticoncepcional, aí então elas se lembram apenas dos "aspectos mais gerais" do santo: por exemplo, se o santo era barbudo, se tinha 1m80 e ele atendia pela alcunha de Paulão;

4) mas se, na condição de mulheres adultas, elas se esquecem de tomar suas pílulas anticoncepcionais e engravidam, aí o nome do evento passa a ser outro: ele vira um autêntico "milagre do Espírito Santo".

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