Inteligência artificial, afetividade à distância. Foi para isto que Hooman Samani, um professor de robótica da Universidade Nacional de Cingapura (NUS), criou o "kissenger", um protótipo de cabeça com micro-sensores que permite beijos mediados pelo computador.
"O 'kissenger' se apresenta sob a forma de uma pequena cabeça de plástico com lábios de grande tamanho que, quando beijados, permitem que a pessoa do outro lado da internet sinta uma vibração na boca do aparelho equivalente que seu par estará beijando", relata matéria publicada no jornal Hoje em Dia online (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/tecnologia/cientista-cria-labios-virtuais-para-namoros-a-distancia-1.13622).
Porém, bem ao contrário do que sugere o título da matéria, não é correto afirmar que o cientista que criou o "kissenger" desenvolveu "lábios virtuais para namoros a distância". Na verdade, o beijo não tem nada de virtual - ou melhor, ele não ocorre em ambiente virtual - a exemplo do que ocorre no ambiente virtual do Second Life, que está disponível para devaneios cibernáticos desde pelo menos 2003. O protótipo reproduz (sabe-se lá com que grau de fidelidade) contrações musculares que captadas em outros pontos de contato: "Os lábios artificiais, feitos de silicone com detectores de movimento, garantem 'as melhores sensações', afirma seu criador".
Mas o aspecto realmente mais estúpido da parada é tentar conciliar a cabeça com lábios de silicone com o uso de câmeras: "Para aumentar a sensação do beijo, os namorados podem 'se beijar' se olhando ao vivo na tela de seus computadores".
Não, realmente não estão reiventando a roda. Estão redescobrindo a deselegância do beijo de olhos abertos.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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