Mentira tem perna curta! E não há disfarce capenga que se mantenha por muito tempo. Pois se a segunda-feira amanheceu assim, com os papéis trocados e as coisas no lugar errado, muitos foram os exemplos de farsas que acabaram sendo desmascaradas no decorrer do dia.
A começar pelo falso bispo que tentou se infiltrar na reunião dos cardeais que decidirão o sucessor do papa abdicante, Bento XVI. Segundo a notícia publicada no jornal O Globo online, "um homem disfarçado de bispo conseguiu se infiltrar entre os mais de cem
cardeais que chegavam nesta segunda-feira no Vaticano para a primeira
reunião preparatória do conclave que irá eleger o novo Papa" (http://oglobo.globo.com/topico-papa/falso-bispo-tenta-se-infiltrar-na-reuniao-dos-cardeais-7738499).
Mas logo, logo o engodo foi local desarticulado pelos seguranças do Vaticano. Para azar do falso bispo que, esquecido da premissa de que o hábito faz o monge, andou pecando justamente no vestuário: "Ele usava uma corrente com um crucifixo, um cachecol roxo no lugar da
faixa na cintura e uma bata com um tamanho um pouco mais curto do que o
padrão." Conclusão: foi pego com as calças na mão (atenção, é uma metáfora!), depois de ter tirado algumas fotos com religiosos locais.
Aberração
semelhante aconteceu nesta tarde de segunda-feira, na cidade de
Igarapé, região central de Minas Gerais. De acordo com notícia publicada
no jornal Hoje em Dia online, os bombeiros foram acionados para
resgatar cavalo disfarçado de banhista: "um cavalo foi retirado de
dentro de uma piscina (...) após ficar quase uma hora com mais da metade
do corpo submersa" (http://www.hojeemdia.com.br/minas/bombeiros-s-o-acionados-para-retirar-cavalo-de-piscina-1.97360).
"A causa do acidente não foi informada", mas suspeita-se que o cavalo
fazia topless no momento do acidente, o que teria facilitado seu
reconhecimento pelo corpo de bombeiros.
Mas
o pior engodo do dia - quiça do ano! - foi o deputado Marco Feliciano
(PSC-SP) querer ser presidente da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara dos Deputados, em Brasília. Segundo notícia publicada
na Folha de S. Paulo online, Feliciano já havia declarado "em seu site que o 'ativismo gay' serve para promover violência" (http://www1.folha.uol.com.br/poder/1240319-pastor-organiza-abaixo-assinado-para-presidir-comissao-de-direitos-humanos.shtml).
Disfarçado
de defensor dos direitos humanos, Feliciano foi desmascarado
publicamente quando enunciou sua definição de minorias nos seguintes
termos: "Do ponto de vista da política, minoria são grupos
desprivilegiados, por
não conseguirem estudos e empregos. Os gays não se encaixam nesse
perfil, pois são estudados e tem ótimos empregos."
Possivelmente surpresos com tamanha generalização, gays, lésbicas,
bissexuais, travestis e transexuais pobres e com baixa escolaridade em
todo o Brasil deveriam se disfarçar de deputado e gozar dos "ótimos
empregos" que Feliciano se lhes atribuiu.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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