UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Águas de março

quarta-feira, 20 de março de 2013

Águas de março

O último dia deste verão antecipou a chegada do outono. Eles não trouxe em abundância as águas de março, mas trouxe promessa de vida: aqui, no fundo dos oceanos e, à luz das últimas evidências, possivelmente em algum momento da história do planeta Marte.

Aliás, tanto aqui como em Marte, as evidências científicas encontradas alteram crenças sobre o caráter inóspito desses lugares. A começar pelas fossas Marianas, local mais profundo dos oceanos onde "não há luz do sol, e a pressão da água equivale a 1.100 quilogramas por centímetro quadrado, algo como um carro de passeio sobre o dedão do pé" (http://oglobo.globo.com/ciencia/equipe-encontra-vida-microscopica-no-local-mais-fundo-dos-oceanos-7869982).

"Até então, acreditava-se que o leito da Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, conhecido como Challenger Deep, era um lugar tão inóspito que praticamente nenhuma forma de vida seria possível." Pois os últimos achados científicos vêm provar que mesmo com a ausência de luz e sob uma pressão que, para nós, reles mamíferos terrestres, seria esmagadora: uma equipe internacional de cientistas da Dinamarca, Alemanha, Reino Unido e Japão "anunciou evidências de vida microscópica, e em abundância, no limite das profundezas dos mares, a 11 mil metros de profundidade."

Situação parecida está acontecendo com Marte, considerado até pouco tempo um planeta totalmente desprovido de condições para abrigar vida, em função do seu clima frio e seco. Mas o veículo da missão Curiosity acabou coletando despretenciosamente um indício valioso de que houve e há água naquele planeta, condição sine qua non para a existência de vida - ao menos, nos moldes como nós a conhecemos aqui na Terra. 
"Batizada pelos cientistas da Nasa como Tintina, a rocha mostrou uma cor branca e brilhante, indicando a presença de minerais hidratados que se formaram quando fluía água pela região em tempos remotos" (http://oglobo.globo.com/ciencia/robo-da-nasa-descobre-pedra-branca-brilhante-em-marte-7884818).
A rocha teria sido coletada casualmente pelas rodas do veículo Curiosity em um local conhecido como Cratera Gale. O "descuido" teve desdobramentos surpreendentes: "O cientista chefe da missão Curiosity, John Grotzinger, disse durante o evento que o local de pouso do robô é o primeiro classificado como 'verdadeiramente habitável' no Planeta Vermelho".

Portanto, caros leitores, fiquemos atentos aos sinais que nos chegam das profundezas do universo - o que inclui a Cratera Gale e o Challenge Deep: se há vida nos lugares mais insuspeitos e sob as condições mais adversas, por que não haveria de ter vida no nosso coração?

Com as bênçãos das águas de março, tudo é possível.

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