UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Curto demais!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Curto demais!

Bizarro, bizarro, bizarro. Pode ser impressão minha, mas acho muito estranha uma certa lógica de conciliar conflitos que anda imperando por aí. Sob o pretexto de "cortar-se o mal pela raiz", acaba-se cortando só a raiz - e o que é pior, sem nenhuma prova de que o mal ali se alojava. O problema maior disso tudo, claro, é que esses cortes são de uma eficácia totalmente contestável.

Se meu clamor ainda parece muito vago ou abstrato para o respeitável leitor que se dignou a ler este comentário, aqui vai um exemplo mais concreto desta que considero uma forma enviezada de associar causa e efeito. Depois de um atraso em um vôo que ia do aeroporto de Congonhas para Vitória ter provocado a morte de um cão da raça "pug", a Companhia Aérea Gol resolve tomar uma "medida profilática" um tanto insana: proibir o transporte de cães e gatos de focinho curto em seus vôos (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/991773-apos-morte-de-pug-gol-proibe-cao-de-focinho-curto-em-voos.shtml).

A justificativa seria o fato de que cães e gatos de focinho "não possuem grande capacidade respiratória, o que prejudica a regulação de temperatura corporal", cita matéria da Folha online de fonte não especificada (muito provavelmente um comunicado da empresa aérea em questão). A notícia informa ainda que "entre os recém-barrados estão gato persa, burmês, exótico e himalaio e cachorros boston terrier, boxer, pug chinês e holandês, chow chow, lhasa apso e shih tzu", além do já barrado buldogue.

Ou seja, nada de aprovisionar os animais em lugares mais seguros ou mesmo de tentar coibir ao máximo atrasos quando a carga ainda está viva (o que seria melhor para todo mundo, diga-se passagem). A questão é ir cortando logo o mal "pela raiz". Como se já não bastasse o "corte anatômico" no focinho resultante de um processo evolutivo de centenas de milhares de anos. Discriminados duplamente - pela natureza e pela companhia aérea Gol - cães e gatos detentores dessa especificidade anamôtica deveriam conceber um plano B: ir, por exemplo, criando asas... nem que isto leve algumas centenas de milhares de anos adicionais.

Uma medida a tal ponto absurda, merece uma resposta à altura: quem sabe um protesto inusitado com um coro de cães das raças boston terrier, boxer, pug chinês e holandês, chow chow, lhasa apso e shih tzu, lado a lado com gatos persas, burmês, exóticos e himalaios, todos juntos, cantando a seguinte canção diante do balcão da Gol:

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