UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Trocas

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Trocas

Hoje é dia de celebrar as trocas, sejam elas simétricas ou assimétricas. Não interessa! Continuo achando que mais vale uma troca chinfrim do que um roubo explícito.

Celebremos, por exemplo, a decisão de Israel trocar presos com o Egito (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/995752-israel-confirma-acordo-de-troca-de-presos-com-o-egito.shtml).

O interessante é perceber que a troca é válida mesmo sabendo que a vida dos israelenses anda inflacionada no mercado: "O governo israelense confirmou nesta segunda-feira ter chegado a um acordo para libertar 25 egípcios presos em Israel em troca do israelense-americano Ilan Grapel, detido no Cairo em junho sob acusação de espionagem".

Claro, alguém há de argumentar que a troca é assimétrica, isto é: ao menos em princípio, uma vida humana deveria ter o mesmo peso de outra vida humana. Só que, pelo visto, são os palestinos que valem ainda menos: é que na semana passada, "o grupo islâmico palestino Hamas que libertou o soldado Gilad Shalit em troca de mais de mil prisioneiros palestinos". Mas troca é troca, insisto, e ainda assim acho o intercâmbio é válido. Pensem bem: apenas dois israelenses farão a alegria de mães, esposas e amigos de centenas palestinos, conjuntamente com mães, esposas e amigos de pouco mais de duas dezenas de egípcios.

Se bem que trocas simétricas podem gerar também muita felicidade, mesmo que a um número mais restrito de pessoas. Que o diga aquela cadela cega, a Lily, e seu cão-guia, o Maddison: "Centenas de pessoas na Grã-Bretanha se ofereceram para abrigar uma cadela dinamarquesa cega e seu cão guia após os animais terem sido entregues a um abrigo em julho" (http://f5.folha.uol.com.br/bichos/995676-centenas-oferecem-lar-para-cadela-cega-e-seu-cao-guia.shtml).

No entanto, e contrariamente ao caso anterior, em que a desproporção gerou satisfação para ambos os lados, o simpático casal Lily-Maddison não poderá fazer a alegria de centenas. Os felizardos serão eles próprios e o futuro dono, em detrimento de tantos outros preteridos. O valor aqui fica na intensidade da alegria da dupla Lily-Maddison, que trocaram o abrigo por uma casa nova: isso é que importa.

Mas trocar é bom não só porque podemos ganhar algo melhor no final das contas. Este aspecto da troca é fácil de entender. Mas, creio eu, deve-se trocar também o que é alegre, belo, novo e singelo. Afinal, nunca se sabe que matemática o destino há de empregar para fazer mais gente feliz. E mais gente intensamente feliz.

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