UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Aposentadoria

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Aposentadoria

No auge dos seus 70 anos de idade e 50 de carreira musical, a cantora Nana Caymmi anuncia aposentadoria em coletiva de imprensa. A notícia foi dada no Rio de Janeiro, antes de apresentação no Vivo Rio com a casa lotada, o que já é praxe para a cantora (http://www.hojeemdia.com.br/entretenimento/nana-caymmi-anuncia-aposentadoria-durante-show-1.427466).

Dona de uma franquza ímpar, dessas que beiram o destempero, Nana alfineta gregos e troianos ao tocar nos motivos que a levam a optar pela saída de cena: "Já dei o que tinha que dar. Estou me aposentando aos poucos. Tenho 50 anos de disco e ganhei um de ouro. Então eu quero que o mundo se exploda. Hoje a música é outra, é bunda, é aeróbica". Tá certo, Nana, tá certo. O mundo mudou, mas isso não quer dizer que a gente mereça ou precise se adequar a tudo.

Anunciar retirada extratégica em noite de glória é coisa para poucos. Mas poucos também apostam com tanta convicação na própria irreverência, sem medo de parecer pretensiosa ou amarga: "Estou encerrando essa fase da minha vida. Vou fazer o mesmo que a Rita (Lee). As pessoas dizem: 'Mas você tem 70 anos e essa voz toda!' Ah, vai se ferrar, não tenho mais estrutura para ouvir baboseira de imprensa", afirmou.

Quem não gostou nada do "ferro" anunciado e acabou correndo para colocar panos quentes no anúncio da diva foi seu irmão, Danilo Caymmi: "É cascata! Temos vários compromissos marcados. É um pouco essa questão do luto dela. O público não deixa a Nana parar. A gente nasceu para o palco mesmo", afirma o também cantor.

Deixar ou não deixar Nana parar, eis a questão. "Na verdade, Nana vem anunciando que deixará os palcos desde 2008, logo após perder os pais, Dorival e Stella num intervalo de apenas 12 dias. Ela era muito ligada aos dois e entrou em depressão depois das mortes".

Bem, com ou sem motivos louváveis, Nana Caymmi merece ir para aonde ela quiser. E quem quiser segui-la que a siga. Sorte para os que moram aqui na Roça Grande e adjacências. Ela promete se refugiar na pacata Pequiri, terra de sua mãe, situada na Zona da Mata mineira. Afinal, a Zona da Mata é logo ali, no caminho do Rio, de São Paulo ou do Espírito Santo: fica ao gosto do freguês. Até da Bahia, se for o caso: os Caymmi valem o desvio.

A prova está aqui: Nana canta "Se é por falta de adeus" no Teatro João Caetano, em 1994. Com certeza, por falta de adeus não será.

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