UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Casa de ferreiro...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Casa de ferreiro...

... espeto de pau!

Notícia publicada hoje na Folha online revela uma fragilidade flagrante dos órgãos de fomento à pesquisa no país: aplicar, indistintamente, os critérios de transparência pelas quais elas velam." Um dos diretores da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) deixou o órgão, na semana passada, após a revelação de que ele estava inadimplente com a própria instituição" (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1077191-falta-de-prestacao-de-contas-leva-diretor-do-capes-a-deixar-cargo.shtml).

O pior: a inadimplência não é de ontem e já vinha se arrastando há alguns anos, de acordo com a matéria da Folha: "Há seis anos, Emídio Cantídio de Oliveira Filho, diretor de programas e bolsas da Capes, devia esclarecimentos sobre as atividades realizadas com apoio financeiro do órgão".

Ao todo, o funcionário devia explicações sobre o destino de recursos da ordem de R$ 66 mil, recebidos na época em que estava vinculado a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A assesoria de imprensa da Capes informou ainda que só somente uma parte dos documentos de prestação de contas dos gastos efetuados - referentes a um financiamento de R$ 15 mil - foram encaminhados a instituição no início deste mês.O resto ainda está por vir.

Em tempo: essa história da Capes me lembrou de uma conversa que tive com uma amiga há uns 14 anos atrás. Na época, ela se derramava em elogios ao modo como o povo norte-americano supostamente gerenciava sua vida pública. Mais especificamente, ela enaltecia a maneira como determinadas pessoas, tão logo optavam por uma carreira política, passavam a gerenciar sua vida privada de modo que sua reputação pública não sofresse eventualmente nenhum ataque - mesmo se em um futuro remoto. A lógica, segundo ela, consistia em não deixar os vícios privados arranharem a imagem pública.

No Brasil, ela acreditava que acontecia justamente o contrário: pessoas desonestas, envolvidas em negócios espúrios, tentavam a vida política em busca de imunidade parlamentar. Nesta caso, viveríamos o vício em todas as suas dimensões e os vícios públicos seriam senão uma mera extensão e confirmação dos vícios privados.

Essa história de exoneração de membro diretor inadimplente na Capes suscita uma pergunta que não quer calar: como alguém inadimplente perante uma instituição pode assumir um cargo diretivo? No aguardo de uma resposta satisfatória, ficamos ao menos com uma certeza: quando os vícios são públicos, as virtudes morrem (na) privada.

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