UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Um pouquinho de Brasil, iaiá

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um pouquinho de Brasil, iaiá

Paradoxais esses nossos tempos: enquanto especuladores imobiliários fazem rios de dinheiro às custas de uma promessa de Copa do Mundo em 2014 (digo "promessa" porque, segundo rezam as profecias, o mundo pode acabar ainda no final deste ano), as estatísticas da pobreza e do atraso social teimam em bater na nossa porta. E or mais que nos esforcemos em esquecer, sempre surge uma faceta da nossa realidade que para nos lembrar que "isso aqui - ô ô - é um pouquinho do Brasil, iaiá"...

E esse mesmo Brasil que canta também revela estatísticas assustadoras. "Pesquisa elaborada pela Fundação Telefônica/Vivo com 2.398 meninos e meninas de até 16 anos em 2011" no município de Inhapi (Alagoaas) revela que "83% das crianças e adolescentes trabalham" naquela localidade, de acordo com matéria divulgada na coluna "Empreendedor Social" da Folha online (http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/1075003-numeros-mostram-que-o-trabalho-infantil-esta-subdimensionado.shtml).

Só que nem tudo o que canta, "é feliz": segundo a presidente da fundação, Françoise Trapenard, "boa parte deles está no trabalho doméstico e na agricultura, mas há ainda os que atuam em vendas e na produção de carvão". O pior é que a realidade de Inhapi está longe de ser um caso isolado no Nordeste - ou até mesmo no sudeste brasileiro. "Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontavam 908 mil crianças de 5 a 13 anos empregadas no país".

Pertinente mesmo foi formulada por Trapenard ao anunciar os novos projetos da Fundação Telefônica/Vivo para erradicação do trabalho infantil no Nordeste: "'Se o trabalho que enobrece condena o futuro de alguém, ele enobrece quem?'

Mas não se iludam: o problema em Pindorama é bem mais antigo do que a interpretação dos Novos Baianos ou mesmo do que a canção original de Ary Barroso:

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