UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Fadas voadoras

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Fadas voadoras

Adoro Chico Buarque, mas acho a letra da canção Mulheres de Atenas particularmente infeliz. Mesmo porque, se eu tivesse que me mirar no exemplo de alguém ou de alguma coisa, seria certamente no exemplo das 'fadas voadoras", essas vespas da família Mymaridae, "cujo corpo tem comprimento médio de apenas 0,13 milímetros" (http://oglobo.globo.com/ciencia/descoberta-especie-da-familia-de-menores-insetos-do-mundo-8198197).

As tais "fadas voadoras" estão presentes em quase todos os continentes (com exceção da Antártica), mas a nova espécie Tinkerbella nana, encontrada recentemente nas florestas da Costa Rica, tem uma peculiaridade: ela mede apenas 250 micrômetros (μm). E um micrômetro equivale à milésima parte de um milímetro.

Pois bem: com dimensões tão reduzidas, a Tinkerbella nana possui alguns dispositivos importantes com "função aerodinâmica", provavelmente para reduzir a turbulência no vôo, mantendo o batimento das asas em uma frequência próxima "a várias centenas de batidas por segundo".

Ou seja, em momentos-chave, em que alguma estabilidade é necessária em meio ao caos reinante, eis que a pequena fada voadora lança mão da "superfície reduzida da asa e as cerdas relativamente longas" que lhe garantem o apelido que tem: "o nome se deve a sua quase invisibilidade, corpos gráceis e asas delicadas com longas franjas que se assemelham às fadas míticas".

Então é isso, seu Chico: se eu, algum dia, tiver que me mirar em algum exemplo, então que ele seja o da capacidade mítica da Tinkerbella nana de sobreviver, com graciosidade e delicadeza, às tormentas existenciais que a assolam. Quanto às mulheres de Atenas, nós já sabemos: "Elas não têm gosto ou vontade/ Nem defeito, nem qualidade". Estão, simplesmente, entregues ao sabor do ventos, sem asas, nem desejos.

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