UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Coisas que não tem preço...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Coisas que não tem preço...

"Compre agora sua arara-azul e pague em até 18 vezes sem juros!"

Não, não sou eu quem está vendendo este espécime raro, ameaçado de extinção. Quem faz a promoção é o site Zoopets, especializado na venda ilegal de animais silvestres brasileiros pela Internet. Ou melhor, fazia - até ser autuado pela "Operação Arapongas", encabeçada pela Polícia Federal em parceria com o Ibama (http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/08/10/traficantes-vendiam-animais-pela-internet-parcelavam-em-ate-18-vezes-925104121.asp#ixzz1UfeFda6v).

A operação, fartamente descrita pela matéria do O Globo online, saiu distribuindo hoje mandados de apreensão e busca em sete estados do Brasil - Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Paraíba. Mais do que isto, ela revelou um amplo esquema ilegal que ia desde a captura de animais silvestres, até os criadouros e distribuidores irregulares. Duas ONGs, cujos nomes não foram citados, "usavam fachada de proteção de animais para fazer reprodução".

Como se já não bastasse o empenho das falsas ONGs, a bagunça andava instalada na cozinha do poder público. É delegado da Polícia Federal do Paraná, Rubens Lopes da Silva, que explica a gravidade do esquema: "Dentro da quadrilha tem pessoas bem especializadas em jacaré, anfíbios, mamíferos, macaco, jabuti. Tinha uma cadeia muito grande de fornecedores. Juntando com pessoas de confiança do Ibama, muitas vezes os animais saíam de uma apreensão do Ibama e retornavam para os criminosos".

Agora eu pergunto: qual vai ser o destino dos animais capturados hoje? Será que eles vão voltar para as mãos dos contraventores com o aval do Ibama? Ou devemos esperar até que a próxima operação da Polícia Federal seja deflagrada dentro do Ibama para reaver os bichos?

Enquanto nós exportamos nossos animais silvestres em 18 suaves prestações a perder de vista, uma simples vaca de nome Yvonne causa comoção nacional na imprensa alemã (http://f5.folha.uol.com.br/bichos/957629-vaca-fujona-causa-comocao-na-imprensa-alema.shtml). O motivo? Ela fugiu. Só isso.

Pelo menos é o que conta a matéria da Folha Online publicada hoje: "A imprensa alemã está fascinada pela história de Yvonne, que escapou em maio de uma propriedade perto da cidade de Muehldorf, na Baviera, e viveu feliz à solta por vários meses até ter sido colocada numa 'lista dos mais procurados' após se chocar com a dianteira de um carro de polícia".

Acusada de ameaçar a segurança da pacata cidade de Muehldorf, na Baviera, a novela da vaca Yvonne decolou no Ibope despois que ela passou a viver entre a mira dos caçadores e as estratégias de aliciamento de grupos defensores dos direitos dos animais. Estes últimos até tentaram atraí-la, usando de entes próximos da vaca - a sua melhor amiga, Waltraud, e uma cria de nome não identificado - mas nada adiantou.

No fundo, no fundo, a estratégia da vaca é das mais simples: Yvonne tem um esconderijo na floresta. E por quê? Simples: é que lá ainda tem floresta! Bem, não sei se a fauna silvestre de lá já foi algum dia a leilão por vias escusas, nem se o correspondente ao Ibama na Alemanha é conivente com o desaparecimento de suas riquezas. Mas é certo que em um país com uma mentalidade um pouco mais preservacionista do que a nossa, basta uma vaca fugir para virar heroína do horário nobre.

O próximo passo previsto para a captura de Yvonne envolve o apelo para cenas de sexo, que farão estremecer o noticiário alemão: "Os ativistas da fazenda Gut Aiderbichl vão agora tentar usar o touro reprodutor Ernst para atrair Yvonne, na esperança de apanhá-la antes dos caçadores".

Tanto lá, na Alemanha, quanto cá, no Brasil, a conclusão é a mesma: A seguir, cenas do próximo capítulo...

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