UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: No topo da lista

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

No topo da lista

A lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo, divulgada pela Revista Forbes e amplamente comentada pela mídia nacional no dia de hoje, é um convite para se pensar nos parodoxos da questão de gênero no Brasil e - por que não? - no resto do mundo.

Listas que classificam as pessoas em mais ou menos poderosas, em mais ou menos elegantes ou em mais ou menos aptas a desempenhar determinada tarefa sempre em intrigaram. Claro, os editores da Forbes sabem muito bem disso e fazem questão de publicar a lista com nota explicativa: "nossa lista reflete os caminhos diversos e dinâmicos em direção ao poder para as mulheres hoje, seja liderando uma nação ou definindo a pauta de questões críticas da nossa época", revela Moira Forbes, presidente e editora da ForbesWoman (http://www1.folha.uol.com.br/poder/964606-dilma-e-gisele-integram-lista-de-mulheres-mais-poderosas-da-forbes.shtml).

Ao lado do potencial de liderança e da contribuição crítica, outros critérios se desenham no horizonte da lista da Forbes: "Ao longo das múltiplas esferas de influência, essas mulheres alcançaram o poder por meio da conectividade, habilidade de construir uma comunidade ao redor de organizações que elas supervisionam, países que lideram, causas que encabeçam e marcas pessoais" (http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/08/24/dilma-a-terceira-mulher-mais-poderosa-do-mundo-925195268.asp#ixzz1VyhBulQQ)

Bem, diante disso, que a nossa presidente(a) Dilma Roussef apareça em terceiro lugar na lista (atrás apenas da chanceler alemã Angela Merkel e da ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton) é um fato que em nada me surpreende: quer queiram, quer não, ela é "a primeira mulher a comandar a maior economia da América Latina" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/2.347/dilma-e-a-3-mulher-mais-poderosa-do-mundo-diz-revista-1.330981). Não é por acaso também que das 100 mulheres listadas, "oito chefes de Estado e 29 presidentes-executivas estão na lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo" (http://www1.folha.uol.com.br/poder/964606-dilma-e-gisele-integram-lista-de-mulheres-mais-poderosas-da-forbes.shtml). A questão é saber, com base nesses mesmos critérios, o que estão fazendo lá: 1) as cantoras Lady Gaga (11º lugar) e Beyoncé Knowles (18º), além da modelo brasileira Gisele Bündchen (60º).

Uma coisa é certa: ao conferir glória e notoriedade a um número restrito de mulheres com maior ou menor visibilidade nos meios de comunicação, essa lista favorece à construção e à preservação da imagem daquelas que ela tenta descrever objetivamente: mulheres no topo do poder.

Mas tudo o que sobe, também pode descer e vice-versa. Como lembra muito oportunamente a matéria do O Globo (op. cit.), "na lista do ano passado, divulgada em outubro, Dilma ocupava a 95ª posição". Este ano, a Dilma obteve uma ascensão meteórica. Mas se os critérios de seleção continuarem sendo aplicados com a mesma elasticidade, Dilma poderá em breve estar entre as 10 mais na próxima lista das 100 cantoras contemporâneas mais espalhafatosas ou, ainda, na lista das 100 modelos mais bem pagas do mundo. Enfim... Nunca se sabe...

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