UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Especulação imobiliária

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Especulação imobiliária

Nós, humanos, criamos bairros nos quais construímos imóveis, mas nos mudamos tão logo achamos que o ambiente já não nos convém mais. Prova disso é a criação do conceito de "zona sul" nas grandes metrópoles brasileiras: pouca gente sabe, mas aquela parte da cidade, considerada mais "nobre" e mais cobiçada da cidade para se morar, raramente coincide com o sul "geográfico". Isto é, a "zona sul" é muito mais um conceito social, ligado a status sócio-econômico e ao acesso a infra-estrutura, lazer e moradias de qualidade.

Já os animais e as plantas parecem fazer um pouco diferente. É que, além de estarem migrando simultaneamente para a zona norte e para a zona sul, o que eles querem mesmo é subir na vida. Literalmente!

Estudo calcado em ampla revisão de literatura sobre migração de espécies animais e botânicas, desenvolvido pela Universidade York do Reino Unido, revela que o aquecimento global tem feito as espécies migrarem da região do Equador rumo aos pólos (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/961959-aquecimento-leva-animais-e-plantas-a-fugir-para-areas-frias.shtml).

Mas isto não é tudo: "a cada década, as espécies se mudam para altitudes 11 m maiores e rumam em direção aos polos mais 16,9 km", revela o estudo (para melhorar a compreensão, troquem "11m maiores" por "11m mais elevadas", por favor). O objetivo, ao que parece, é subir (ou descer) para regiões mais frias. "Ou seja: quanto mais uma região do globo esquentava, mais longe (ou mais alto) as espécies afetadas fugiam, já que tanto a proximidade dos polos quanto as altitudes mais elevadas ajudariam os animais e plantas a encontrar climas mais frescos."

Claro, como todo estudo, este aqui também tem lá seus limites, e a matéria é bem franca a este respeito. Por um lado, o estudo toma como referência os hábitos migratórios das espécies concentradas em regiões temperadas. Por outro, os padrões de comportamento migratório de espécies tropicais que são levadas em consideração no estudo abrangem somente as áreas da Malásia e Madagascar.

Extrapolando um pouco a matéria, podemos facilmente imaginar que esses limites têm pelo menos duas implicações: 1) ele não é capaz de dizer se comportamento semelhante é replicado nos trópicos; 2) a revisão de literatura (por mais bem intencionada que tenha sido) deixou de fora um dos maiores celeiros da biodiversidade do mundo - a Floresta Amazônica - e outros ecossistemas importantíssimos como o Cerrado e a Mata Atlântica.

Já que o estudo deixa margem para devaneios, não custa nada imaginar um destino ideal para as nossas espécies animais e vegetais fugirem do aquecimento global. A julgar pelo andar da carruagem das questões ambientais no Brasil, o destino mais fresco para elas será... o frigorífico do supermercado!

Sem mais para o momento, deixo aqui os meus votos de um bom final de semana para os meus 4 ou 5 leitores cativos, bem como para os demais leitores ocasionais.

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