UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Hipotalâmicos

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Hipotalâmicos

Quando a questão é replicar localmente o que as renomadas revistas científicas andam publicando nos países do Hemisfério Norte, os jornais brasileiros são imbatíveis: acho que nem no filme Blade Runner se conseguiria produzir tantos replicantes como a imprensa nacional consegue fazer cotidianamente.

Por exemplo, o Jornal O Globo online replica publicação na revista Nature, que relata experimentos relacionando o hipotálamo com um centro de comando do processo de envelhecimento. "Em uma série de experimentos, os pesquisadores descobriram que poderiam aumentar a vida dor camundongos em 20%, sem que os animais sofressem de fraqueza muscular, perda óssea ou problemas de memória comuns na idade avançada" (http://oglobo.globo.com/ciencia/hipotalamo-tem-chave-do-envelhecimento-8260539).

Mas a matéria supracitada não se contentou em replicar o periódico britânico para descrever a série de experimentos que resultou na publicação. Ela foi atrás da repercussão da publicação da Nature em outros comentários e artigos da imprensa britânica. Este é o caso, por exemplo, da descrição entusiasmada que o pesquisador Dongsheng Cai dá ao jornal “Guardian”, no tocante ao processo de envelhecimento: "há um controle e pode ser manipulado", explica.

Eufóricos mesmo ficarão os demais seres humanos, quando a pesquisa deixar os camundongos de lado e passar para os testes em seres humanos: os estudos prometem - que sabe um dia - "a perspectiva tentadora de medicamentos que retardam o envelhecimento natural para prolongar a vida de seres humanos".

Não é preciso ter lido a publicação original da Nature nem o Guardian para saber que a longevidade em camundongos só alegra cientistas.O certo é que, muito antes de a indústria farmacêutica projetar uma solução comercial eficaz para retardar o envelhecimento humano, teremos provavelmente que conviver com toda uma geração de camundongos supercentenários.

Bom, mas isto é preocupação para quem pensa em viver muito. Vou encerrando a conversa porque amanhã ainda é dia de feira. E eu, infelizmente, não poderei enviar um replicante no meu lugar para mais um dia de trabalho.

Boa noite para quem fica, boa noite para quem vai.

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