UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Oceânicas

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Oceânicas

Notícias oceânicas alvissareiras vieram brindar nossos jornalinhos aqui na Terra das Mil e Uma Plásticas, também chamada de Brasil.

A mais alvissareira delas é capaz de animar gregos e troianos - ainda que por motivos distintos, claro. A notícia em questão veio à reboque do submarino Shinkai 6500, "operado a partir do navio oceanográfico japonês Yokosuka", cuja função é "observar e recolher amostras de afloramentos de rochas e sedimentos no topo da elevação, a aproximadamente 2 mil metros abaixo da superfície do mar" (http://oglobo.globo.com/ciencia/encontrada-no-fundo-do-oceano-atlantida-brasileira-8311057).
Ok, mas qual o motivo de tanto alvoroço? Tudo indica que "cientistas brasileiros encontraram as primeiras evidências claras de que a chamada Elevação do Rio Grande, um gigantesco 'planalto' que se ergue no fundo do mar no Oceano Atlântico, seja na verdade parte de um continente submerso", prossegue a notícia.

A novidade ficou por conta da composição das rochas e sedimentos analisados e que trouxe evidências consistentes de que o tal continente submerso seria nada mais, nada menos do que  a Atlântida brasileira: "Essas amostras, no entanto, reforçam a hipótese de que ela é um continente que afundou há 100 milhões de anos, quando a América do Sul se separou da África. Isso pode revolucionar nossa compreensão sobre a formação e evolução da crosta terrestre", relata Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil, ao jornal O Globo online.

Bom, e onde andariam, metaforicamente falando, "gregos" e "troianos" nesta história? Gregos "locais" se confraternizam com o achado e a possível comprovação de um mito. Troianos dos arredores também se regozijam com o fato de que "caso a hipótese seja verdadeira, o Brasil poderia reivindicar a ampliação da sua plataforma continental e, consequentemente, de sua chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE), a área do oceano onde o país pode explorar recursos".

Obviamente, motivações mais complexas levaram nossos antípodas a descerem a 2 mil metros de profundidade. Lá embaixo, foram encontrados os "chamados hidratos de metano, gás natural combustível que emana do leito do Atlântico Sul." E - olha só que coincidência - o Japão é o único país do mundo que "tem o conhecimento técnico da exploração comercial de hidratos". Ou seja: enquanto gregos e troianos caem na esbórnia, cada qual comemorando a seu modo e conveniência, os japoneses crescem os olhos (também metaforicamente falando) em cima das reservas de hidrato de metano.

Moral da notícia alvissareira do dia: esta noite, quando gregos, troianos e japoneses estiverem dançando em roda, uns pensando em cifras, outros tecendo hipóteses e conjecturas sobre os habitantes daquele continente, alguns leitores mais desesperançosos com a política nacional hão de perguntar: será que algum dia o Planalto Central não levará também o mesmo fim? 

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