Acabo de ler uma notícia digna dos diálogos do livro "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll. Empresa "X" vende, de outubro de 2012 até agora, 100 milhões de licenças de um determinado software e diz que seu "fracasso" de vendas se deve à ausência do botão "iniciar".
Bom, nem vale a pena fazer suspense: os mais afeitos às parafernálias tecnológicas sabem que a empresa, neste caso, é a Microsoft, e que o software em questão é o Windows 8. Os bem menos conectados com as inovações da área, como eu, ficam se perguntando se há realmente razão para tanto alarde: do suposto diagnóstico à solução encontrada, tudo me pareceu tão surreal quanto as conversas do Chapeleiro Maluco.
Em primeiro lugar, há que se ler o suposto diagnóstico: segundo notícia publicada no jornal O Globo online, "a ausência do botão no Windows 8, lançado no fim do ano passado, não
agradou aos usuários e é tida como um dos motivos para as fracas vendas
do software" (http://oglobo.globo.com/tecnologia/botao-iniciar-voltara-ao-windows-na-atualizacao-81-que-estara-disponivel-ate-fim-do-ano-8546707). Daí que o diagnóstico, além de revelar um suposto problema, acabando desestabilizando os parâmetros de normalidade vigentes ao propor uma escala de valores totalmente nova: que tipo de escala de sucesso é esta que faz com que 100 milhões de cópias vendidas sejam indicativo de "fracas vendas"?
Em segundo lugar, vem a solução para o (ainda suposto) problema: já que os usuários sentiram falta de um tal botão de iniciar, a solução é trazê-lo de volta... O problema é que ele não vai ser exatamente aquele ao qual os usuários estavam acostumados: "O Windows 8.1 — antes chamado Windows Blue — terá um botão no canto
inferior esquerdo da tela, como o 'Iniciar' das versões anteriores do
sistema. Mas não será o velho 'Iniciar' que os usuários conhecem: em vez
de exibir uma janela pop-up com a lista de programas, ele servirá
apenas de atalho para a tela Iniciar, espécie de hub de aplicativos que é
a alma do software."
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário