Impressionante como tem criança maltratada no mundo. Não estou falando apenas de crianças que são fisicamente supliciadas, mas também de adultos que carregam em si crianças magoadas ou maltratadas. Digo isso porque se, por um lado, o corpo cresce, por outro, a criança teima em permanecer lá dentro, encolhida, sobrevivendo como pode. É muito difícil, por exemplo, não ficar de cabelos em pé vendo cenas do enterro da pequena Lavínia, assassinada aos 6 anos pela ex-amante do pai (http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/03/03/sepultamento-da-menina-lavinia-morta-pela-amante-de-seu-pai-marcado-por-emocao-protesto-923926951.asp). Mas nem todo caso de maus-tratos termina em morte, e essas crianças mal-curadas e mal-acolhidas têm que seguir adiante, apesar dos pesares.
Indo na contramão disso tudo, o meu comentário de hoje é uma homenagem à minha criança e à criança que existe dentro de cada um de nós. E nada melhor do que um mergulho nas melhores memórias de infância para deixá-la contente. Quis então escutar uma das minhas canções preferidas do disco Arca de Noé 2 - O Leão - que foi música-tema na minha formatura de 3o. período do Jardim de Infância.
A bem da verdade, há até pouco tempo, achava que minha geração saía ganhando disparado da geração posterior - a chamada "Geração Xuxa" - por termos tido o privilégio de curtir Vinícius de Morais compondo para crianças. Só que depois de reescutar a Arca de Noé com as minhas sobrinhas, fiquei na dúvida: "deu um pulo e era uma vez um cabritinho montês" me pareceu um final trágico demais para um cabritinho. Ou então: "tua garra, uma navalha cortando a presa na queda", visto agora pelos olhos da vegetariana que me tornei, parece mais um ritual macabro: "quando se cansa, o leão mata um com cada mão"... E por aí vai. Mas esses eram dilemas que certamente nunca incomodaram a criança que fui, já que eu não nasci vegetariana. E, segundo consta nos autos, até que eu fui uma leoazinha bem convincente no teatrinho daquele ano.
Enfim, melhor deixar essas elocubrações pacifistas para outro dia. Hoje vou deixar a criança brincar solta, dançando na roda. Fica aqui então, para deleite geral, a canção "O Leão", interpretada por Fagner.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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