Gente, pode parecer obsessão minha, mas as matérias de vulgarização científica continuam sendo as melhores de todas.
Olhem só essa notícia fesquinha que saiu hoje no O Globo Online. Revista Nature retrata experimento inédito de cientistas japoneses: a recriação de espermatozóides atificialmente em laborarório, utilizando para tanto células testiculares de ratos (http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/03/24/cientistas-japoneses-recriam-espermatozoide-de-ratos-em-laboratorio-924078002.asp). Ao que parece, nossos antípodas foram totalmente bem-sucedidos, já que os espermatozóides made in laboratório foram plenamente capazes de fecundar um óvulo e gerar prole saudável.
Mas, e o método?... Falta falar do método! É o cientista Takehiko Ogawa, médico da Universidade da Cidade de Yokohama, quem dá a dica: "Colhendo um fragmento de tecido dos testículos de ratos recém-nascidos e cultivando-os em gel de agarose por dois meses, conseguimos obter esperma, capaz de fecundar normalmente um óvulo".
Claro, o experimento foi realizado em ratos e ainda não pode ser reproduzido em humanos. Mas já posso antever alguns desastres na espécie humana, caso o experimento venha a ganhar caráter industrial nas imediações da Praça da Sé (SP), Praça da Estação (BH) ou Praça da República (RJ). Vejamos alguns deles:
1) A retirada da pele dos testículos do paciente pode ser feita sem anestesia ou fora das normas mínimas de higiene que garantam a necessária assepsia no retalho dos testículos da vítima, digo, paciente. Na falta de material cirúrgico, por exemplo, poderia ser usado gilete Prestobarba enferrujado;
2) Os inconvenientes anteriores podem gerar transtornos secundários nos pacientes, ocasionando inclusive uma elevada taxa de óbito naqueles pobres coitados menos resistente ao tétano e às hemorragias subcutâneas. Com isso, os filhos gerados pela inseminação do óvulo pelo espermatozóide de laboratório já naceriam órfãos, o que geraria, por sua vez, um alto índice de calote nos cientistas das praças supracitadas;
3) Se forem acertadas os diagnósticos que os vegetarianos fazem do abate do boi no tocante à qualidade da carne - isto é, que a carne extraída de bois mortos por métodos cruéis de abate possuíria um elevado teor de toxinas geradas pelo medo - então é bem provável que o fruto dessas inseminações venha a ter um medo deslavado de gilete Prestobarba, o que acabaria aumentando consideravelmente o volume de barbudos no planeta. Vale a pena?
4) Na falta do tal gel de agarose, cientistas afoitos pelo lucro fácil tentariam a substituição por um componente mais simples: gel de sacarose ou, nos dizeres populares, coca-cola exposta às intempéries do tempo. Isto geraria uma alta concertação de formigas no meio líquido, aumentando as chances de reprodução massiva (e indesejada) do esperma desse bicho. O restulado seriam filhos meio-homem e meio-formiga, com alta taxa de insidência de obsesos (se a coca-cola não for light) e de diabéticos (com ou sem coca-cola light).
Por essas e por outras, astutos leitores, é melhor esperar que os doutos homens de medicina decidam se seria ético transpor esses experimentos dos ratos para espécie humana. Aguardemos as cenas do próximo capítulo...
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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