UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Piadas e mais piadas: "humor é lá fora"!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Piadas e mais piadas: "humor é lá fora"!

Depois do nome de Fernando Collor de Mello ter sido aventado para a presidência da Comissão de Relações Exteriores do Senado, é a vez do Sr. Tiririca, o deputado federal mais votado no Brasil na última eleição, mostrar a que veio na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados (http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/03/02/tiririca-voces-confundem-palhaco-de-la-com-deputado-daqui-923911274.asp). Na condição de membro permanente desta comissão, Tiririca espera contribuir com sua vivência de artista popular e palhaço para a temática dessa comissão.

Pode parecer implicância gratuita minha para com o nobre deputado, mas não é. Veja bem, não vou despejar minha ironia no fato de ser este senhor um homem de pouca escolaridade, nem no fato de ele ter tirado da sua profissão o sustento de seus seis filhos, conforme alegou Tiririca à imprensa no decorrer do dia de hoje. Reverencio a arte popular, pois acredito que ela envolve formas de mestria muito complexas e que levam muito mais tempo para serem reconhecidas por pares do que a maioria dos mestrados e doutorados por aí. Não é este, portanto, o foco da questão para mim.

O que mais me aflige, no caso, é a falta de memória do Sr. Tiririca quando este esbraveja diante dos jornalistas: "Humor é lá fora. Vocês (da imprensa) confundem o palhaço de lá com o deputado daqui. Aqui tenho que ser sério. Aqui tem o negócio do decoro". Alto lá, seu Tiririca: quem apareceu vestido de palhaço, falando em ajudar "os mais necessitado (sic!), inclusive a minha família" e conclamando o eleitor a votar "no abestado", não fui, nem a imprensa brasileira: foi o senhor! Tá tudo aqui: um verdadeiro pot-pourri para refrescar a memória de quem por ventura já tenha esquecido a sua nobre performance no último pleito.



O problema é que chorar as pitangas no plenário, pedindo respeito aos colegas e ao seu eleitorado, requer muito mais do que um esforço de abtração do seu passado recente, Sr. deputado: a atitude requer uma desvinculação moral do que foi dito em campanha, como se a campanha fosse "outra coisa" que não a política séria, aquela que exige decoro.

Só que o Sr. Tiririca e seus assessores de campanha se esqueceram de que pode existir vida política após o imediatismo do vale-tudo da campanha eleitoral. E é aí que o marketing eleitoral se vê forçado a deixar de ser mera estratégia de campanha para se tornar um verdadeiro trabalho de gestão de imagem. Trocando em miúdos, é a preocupação com a imagem pública que deve transcender o momento da campanha. E quem se esquecer disso, corre o risco de ter que gritar por respeito no plenário, perdendo o humor (aquele mesmo que o elegeu) ou pedindo para que o palhaço (que o levou até lá) não seja confundido com o deputado.

Também, para quem já anunciou que votaria no governo, mas acabou sendo traído pelos próprios dedos e votando na proposta do partido adversário, um sintoma de esquizofrenia a mais ou a menos, nem assusta tanto assim. E vamos que vamos, que depois de uma piada, sempre vem a outra... Aliás, advinhem quem será o vice-presidente da Comissão do Turismo e Desporto? Quem falou em "Romário" põe-a-mão-aqui-que-já-vai-fechar...

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