UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Maravilhosos mistérios

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Maravilhosos mistérios

Envelhecer, sim, mas com dignidade! Duas lições de como envelhecer sem perder o rebolado nos foram dadas pela nossa imprensa diária.

A primeira delas celebra o aniversário de 70 anos do físico Stephen Hawking, divulgando trechos da entrevista concedida por ele à revista britânica "New Scientist" (http://oglobo.globo.com/ciencia/stephen-hawking-so-quer-saber-de-um-misterio-as-mulheres-3582249).

Aliás, as condições em que a entrevista foi concedida já são em si um desafio ao entendimento, já que Hawking se vê "incapacitado por uma doença neurodegenerativa, que, hoje, permite que movimente apenas as bochechas". De qualquer forma, sua sobrevivência já é em si um desafio para um portador de portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), "uma doença que, aos poucos, tira o movimento de seus pacientes". Diagnosticada aos 21 anos de idade, a esclerose o levou, há quase 50 anos, à condição de desenganado pelos médicos. "Não tenho medo da morte, mas não tenho pressa de morrer. Ainda há muita coisa para fazer", conclui.

Qualquer que tenha sido o método utilizado pelo entrevistador para interagir com seu entrevistado, uma coisa é certa: algumas de suas respostas denotam um pleno vigor intelectual (só para falar do tipo mais óbvio, já que nos faltam relatos mais concretos de como andam os outros tipos de vigor). Perguntado sobre o que ele pensa durante o dia, Hawking foi categórico na resposta: "mulheres. Elas são um mistério completo".

Mas mistério completo mesmo são as conclusões tiradas por pesquisa publicada no American Journal of Epidemiology: "Um estudo britânico sugere que pessoas na meia idade que usaram ou ainda usam drogas não tiveram o cérebro danificado", divulga matéria publicada na Folha online (http://f5.folha.uol.com.br/humanos/1030434-maconheiros-de-meia-idade-tem-mentes-mais-afiadas.shtml).

Alegria para uns, consternação para outros, os dados levantados pela pesquisa prometem reacender a chama da esperança para os sobreviventes de Woodstock: "Pesquisadores do King's College, em Londres, estudaram milhares de pessoas com 50 anos e descobriram que aqueles que tinham usado drogas ilícitas, principalmente a maconha, tiveram um desempenho melhor do que os outros nos testes de memória e de outras funções cerebrais".

Desconcertados ou não, os responsáveis pelo estudo ficaram com esta batata quente na mão: como explicar que usuários de drogas de longa data não trazem sequelas nas faculdades mentais? Uma possível explicação seria o nível de escolaridade de quem começou a consumir drogas lá nos idos dos anos 1960: "Uma das hipóteses que explicam o resultado é a relação entre o nível de estudo, que é melhor entre os usuários de drogas, segundo os pesquisadores". Vai saber...

Seja lá como for, o dia termina com novidades bombásticas e alguns mistérios impossíveis de serem desvendados: 1) septuagenário, o físico mais pop do planeta ensina que é possível pensar em mulheres, mesmo quando a única que ele mexe conscientemente são as bochechas; 2) antigos usuários de LSD e maconha não tiveram funções cerebrais como a memória danificadas ao chegarem à casa dos cinquenta; 3) as mulheres continuam sendo um mistério completo até para quem já conseguiu desvendar "o comportamento dos buracos negros".

Enfim, que graça teria a vida se não fossem seus mistérios?

2 comentários:

  1. Tirando a ironia de Hawking ao dizer que pensa em mulheres durante o dia, fico imaginando... " Um buraco Negro deve dar muito menos trabalho mesmo em termos teóricos! Afinal, a complexidade que o cerca nem de longe se compara a de um comportamento feminino! Talvez ambos tenham até algo em comum: O FORTE CAMPO ATRATIVO!"

    ResponderExcluir
  2. Com alguma sorte e mais setenta anos de vida, quem sabe o Hawking não consegue? Abraços, Fernando.

    ResponderExcluir