UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Sol e peneira

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sol e peneira

"Finalmente!", disseram alguns. "Demorou!", lamentaram outros. "Ainda bem!", celebraram terceiros. "Ah! O sol!", gritaram todos.

Diante da alegria de ver o céu azul neste tão esperado período de estio, são outros os desafios que ora se impõem: escrever neste blog é um deles. É que o meu computador não resiste ao calor, fica superaquecido e apaga sem pedir licença. Não sei se é defeito de fábrica, de marca ou de país de origem (afinal, ele é canadense e está habituado a temperaturas negativas), mas o efeito prático é correr contra o tempo, como se uma bomba relógio estivesse acionada, prestes a estourar nas minhas próprias mãos: rápido, rápido, senão ele apaga! Com isso, escrever nele acaba sendo um ato heróico.

E já que é assim, breve serei: o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) ir à forra e divulgar o índice de vulnerabilidade das famílias brasileiras. A título de esclarecimento, "o índice de vulnerabilidade das famílias é feito com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE) e analisa seis quesitos: vulnerabilidade, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, escassez de recursos, desenvolvimento infantojuvenil e condições habitacionais" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/melhora-situac-o-da-familia-brasileira-1.394342).

Vistos globalmente, esses quesitos apontam uma melhora da condição das famílias vulneráveis no Brasil entre 2003 e 2009: "O índice de vulnerabilidade dos domicílios brasileiros em 2009 registrou melhoria de pouco mais de 14% em relação à média de 2003", relata matéria publicada hoje no jornal Hoje em Dia online.

Com muito confete e serpentina, a avaliação de alguns quesitos - tais "como acesso ao trabalho – queda de 20,3% – e escassez de recursos – queda de 24,2%" - é celebrada em ritmo de marchinha de carnaval. Bem, se o acesso ao trabalho realmente aumentou, ótimo. Mas fiquei na dúvida de que tipo de "recurso" o outro quesito mede. É que outro dado demonstra uma certa fragilidade no tipo de "melhoria" que vem acomentendo os lares de muitos brasileiros: "Ainda segundo o Ipea, o acesso ao conhecimento, em média, é a dimensão na qual houve menos avanços, especialmente devido à baixa redução no indicador de qualificação profissional".

Vai entender a lógica desses índices! Se o "acesso ao conhecimento" continuar tropeçando na baixa qualificação profissional, daqui a uns anos ele há de se tornar um recurso bastante "escasso". Se bem que depois que a revista norte-americana The Economist desnudou a hiper-valorização do Big Mac em terras Tupiniquins - revelando o disparate de termos o quarto Big Mac mais caro do mundo, perdendo apenas para a Suiça, Suécia e Noruega - (http://cronicasdejuvenal.blogspot.com/2012/01/big-falta-de-gosto.html) - nada mais me assusta.

Fico por aqui com a seguinte pergunta: sem qualificação profissional, que futuro terá o trabalhador brasileiro - além, claro, de encher o bolso do palhacinho do MacDonalds? Vou embora indignada: depois de tanta chuva, com um sol lindo desses brilhando lá fora, e ainda aparece gente querendo tapá-lo com uma peneira...

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