Para quem está de olho nos cataclismas, pandemias, e outras mazelas típicas do fim do mundo - se entendermos que o mundo pode "acabar" várias no mesmo ano, dependendo da intensidade das transformações em andamento - saiba que foi ontem a tão temida entrada do ano do dragão.
De acordo com o horóscopo chinês, do dia 23 de janeiro de 2012 (ontem) até o dia 09 de fevereiro de 2013 estaremos sob o signo do dragão. Os prognósticos, no entanto, sinalizam um bicho bem mais manso do que se alardeava: "o Dragão é um signo poderoso que representa a vitalidade, o entusiasmo, o orgulho, a extravagância e os ideais elevados"(http://www.stum.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=11577). E o fato de ser este um ano do elemento água "traz a todos uma dose de energia extra que possibilita as grandes realizações".
Dizem que quem brinca com fogo, acaba se queimando. Pelo sim, pelo não, com dragão também não se deve brincar - nem mesmo se ele for de água. Mesmo porque reza a lenda que em ano de dragão até da água podemos sair queimados. Um exemplo, no mínimo, desconcertante é este surto de águas-vivas e caravelas que está acometendo o litoral do Paraná. "Mais de 7.000 pessoas foram queimadas em pouco mais de um mês, segundo o Corpo de Bombeiros. Somente no [último] fim de semana, houve 3.594 casos" (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1038943-mais-de-7000-pessoas-sao-queimadas-por-aguas-vivas-no-litoral-do-pr.shtml).
Para se ter uma ideia que da proporção do desastre, basta comparar os números de casos de queimadura por água-viva e caravela nos anos anteriores: "No verão passado [2011], em toda a temporada, cerca de 500 pessoas sofreram queimaduras. Nos anos anteriores, segundos os bombeiros, a média era ainda menor: em torno de 250 casos em toda a estação". Isto porque o verão ainda está no meio do caminho e os casos registrados foram contabilizados de 16 de dezembro para cá.
Mas nem precisa ter lá uma imaginação muito cinematográfica para intuir a causa do aumento dos casos de queimadura: ainda que a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná não saiba dizer o motivo exato, "uma das hipóteses investigadas é o desequilíbrio ambiental". Matada a xarada, fica então a dúvida de uma solução ambiental a curto prazo. Não sei, não. Minha intuição de Coelho me diz que, no ano do dragão, não bastará vitalidade e entusiasmo para manter os ideias elevados. O desafio maior será o de conter a extravagância destruidora do bicho que mora em cada um de nós.
Para as almas desejosas de emoções fortes e sacudidas planetárias, um novo alento: o ano do dragão está só começando!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Ano do dragão
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