Sim, amigos, já houve um tempo em que os tuberculosos faziam fila para virem desfrutar da pureza do nosso ar e regenerarem seus pulmões. Mas esses dias já vão longe, envoltos na poeira do tempo e na poluição dos automóveis que não param de afluir às ruas da nossa capital.
E as coisas mudaram bastante desde esses tempos primevos. Hoje em dia, os turberculosos estão fazendo despacho na esquina para ver se chove um pouquinho aqui esse pedacinho de caatinga urbana. A razão para estes gestos repentinos de fé deve-se tão somente ao fato de a humidade de relativa do ar ter chegado hoje a 13% , "índice considerado típico de deserto" (http://www.hojeemdia.com.br/minas/clima-de-deserto-castiga-bh-e-previs-o-e-de-tempo-mais-seco-1.28508).
E mais: pelo visto, ainda existe espaço para piora. "Uma massa de ar seco estacionada na região central do Estado poderá fazer com que a situação piore ainda mais nos próximos dias, conforme alerta do 5º Distrito de Meteorologia", relata notícia publicada no jornal Hoje em Dia online.
Diante da aridez e da secura reinante, um pouco de devaneio não faz mal a ninguém. Minha memória prodigiosa acabou me presenteando com a lembrança dessa canção da banda America, um clássico de outros anos que eu prefiro nem dizer quais são.
A letra fala de uma visita ao deserto no lombo "de um cavalo sem nome". "No deserto, você pode lembrar o seu nome", prossegue a letra. Bem, somente quem já viveu o inusitado ato de esquecer o próprio nome - sem que se fizesse, para tanto, qualquer uso de baribitúricos, narcóticos ou qualquer outra droga lícita ou ilícita - sabe o quanto pode ser ontologicamente reconfortante pensar em um lugar onde ele vai ser sempre lembrado, aconteça o que acontecer.
Pois hoje, em meio a tantas mudanças desafiadoras, acolho a visita ao deserto como um lenitivo para a alma de viajante. Apesar do calor e da secura do solo, pode-se desfrutar da beleza de um "céu sem nuvens". Pouco tenho do que me queixar: apesar dos pesares, minha vida hoje está repleta de sons, a semelhança do cenário de deserto descrito nessa mítica canção.
Com vocês, o original: "A horse with no name" (America).
Nenhum comentário:
Postar um comentário