UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Clima de deserto

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Clima de deserto

Há muitos anos que o clima aqui da Roça Grande - cidade de onde escrevo estas maltraçadas linhas - deixou de fazer parte do plano piloto das grandes beneces do Criador.

Sim, amigos, já houve um tempo em que os tuberculosos faziam fila para virem desfrutar da pureza do nosso ar e regenerarem seus pulmões. Mas esses dias já vão longe, envoltos na poeira do tempo e na poluição dos automóveis que não param de afluir às ruas da nossa capital.

E as coisas mudaram bastante desde esses tempos primevos. Hoje em dia, os turberculosos estão fazendo despacho na esquina para ver se chove um pouquinho aqui esse pedacinho de caatinga urbana. A razão para estes gestos repentinos de fé deve-se tão somente ao fato de a humidade de relativa do ar ter chegado hoje a 13% , "índice considerado típico de deserto" (http://www.hojeemdia.com.br/minas/clima-de-deserto-castiga-bh-e-previs-o-e-de-tempo-mais-seco-1.28508).

E mais: pelo visto, ainda existe espaço para piora. "Uma massa de ar seco estacionada na região central do Estado poderá fazer com que a situação piore ainda mais nos próximos dias, conforme alerta do 5º Distrito de Meteorologia", relata notícia publicada no jornal Hoje em Dia online.

Diante da aridez e da secura reinante, um pouco de devaneio não faz mal a ninguém. Minha memória prodigiosa acabou me presenteando com a lembrança dessa canção da banda America, um clássico de outros anos que eu prefiro nem dizer quais são.

A letra fala de uma visita ao deserto no lombo "de um cavalo sem nome". "No deserto, você pode lembrar o seu nome", prossegue a letra. Bem, somente quem já viveu o inusitado ato de esquecer o próprio nome - sem que se fizesse, para tanto, qualquer uso de baribitúricos, narcóticos ou qualquer outra droga lícita ou ilícita - sabe o quanto pode ser ontologicamente reconfortante pensar em um lugar onde ele vai ser sempre lembrado, aconteça o que acontecer.

Pois hoje, em meio a tantas mudanças desafiadoras, acolho a visita ao deserto como um lenitivo para a alma de viajante. Apesar do calor e da secura do solo, pode-se desfrutar da beleza de um "céu sem nuvens". Pouco tenho do que me queixar: apesar dos pesares, minha vida hoje está repleta de sons, a semelhança do cenário de deserto descrito nessa mítica canção.

Com vocês, o original: "A horse with no name" (America).






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