E já que ontem falávamos de longevidade, aqui vai uma notícia que faz jus à imagem que o Poder Público tem dos idosos deste país: "Supermercados da capital paulista deixaram de exigir o RG de todos os compradores de bebida alcoólica para cumprir a Lei Antiálcool. Agora, somente quem aparenta ter menos de 25 anos tem de apresentá-lo ao caixa" (http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/1141591-supermercado-deixa-de-pedir-rg-a-idosos-para-venda-de-bebida.shtml).
Isto significa que, durante o mês de agosto deste ano, os idosos da cidade de São Paulo que foram porventura flagrados comprando uma cerveja no boteco da esquina tiveram que sacar o RG da carteira e mostrá-lo ao vendedor, que "anotava o número e o registrava no sistema". Bravo! "Assim, justificou a Apas (Associação Paulista de Supermercados), era possível comprovar o cumprimento da lei, que veta a venda para menores de idade". Haja necessidade de conrole!
Estou simplesmente impressionada com a incoerência da Lei Antiálcool! Além de ser um ato de violência flagrante contra o idoso - que, constrangido pelo vendedor, teve de provar o óbvio ululante - ela se mostrava totalmente dissociada de seu contexto sociocultural: afinal, no País das Mil e uma Plásticas, uma parte considerável da população está pronta para passar pelas intervenções cirúgcas as mais variadas para aparentar menos idade - e não o contrário!
A única maneira de aplicar uma lei dessas seria contratando somente vendedores de bebida cegos nos supermercados de Sâo Paulo: eles seriam certamente os únicos a não se sentirem constrangidos de pedir o RG a um idoso. Quanto a nós, reles mortais dotados de uma capacidade mínima de visão - estaríamos fadados a morrer de vergonha da imbecilidade alheia!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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