UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: No túnel do tempo da publicidade 7

quinta-feira, 16 de junho de 2011

No túnel do tempo da publicidade 7

(Fonte Revista Veja, 07-01-1981, contra-capa).

Agora é vez delas e do cigarro!

Lembram quando eu falei das propagandas do cigarro Hollywood e sua longa história de associação com esportes radicais? Se durante algum tempo e para um público mais amplo, o cigarro teve que se agarrar à aspiração humana à liberdade para se fazer aceito pelos consumidores, com as mulheres a coisa ganhou uma especidade de gênero: a propaganda dirigida especificamente ao público feminino teve que valorizar outros aspectos, tais como suavidade, mudança e afirmação de estilo.

No entanto, antes de passar ao conteúdo dessas publicidades, algumas menções ao contexto se fazem necessárias. Em primeiro lugar, as publicidades que mostrarei a seguir correspondem a algumas mudanças no padrão do próprio produto, que passa a incorporar menos alcatrão e nicotina com vistas a atender a esse público específico. Não é a toa, portanto, que pelo menos duas dessas publicidades valorizam as experiências de "mudança", como se às modificações no produto corresponder modificações no comportamento das consumidoras.

Neste contexto, mudar de cigarro e começar a fazer ginástica fazem parte do mesmo rol de mudanças.

(Fonte: Revista Veja, 01-07-1981, p.7)











(Fonte: Revista IstoÉ, 15-12-1982, p.5)











(Fonte: Revista Veja,26-09-1979, p.83)












(Fonte: Revista Manchete, 13-06-1981, p.106).











Vale aqui lembrar que a especificidade de gênero não foi isoladamente criada nem pelo produto, nem pela publicidade: existe uma dinãmica orgânica própria, específica das mulheres, no processamento da nicotina. Matéria citando estudo do Hospital do Câncer A. C. Camargo, de São Paulo, revela que "o tabaco gera nas mulheres efeitos mais intensos quando comparado aos homens, causando dificuldades adicionais para o abandono do vício"(http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=mulheres-tem-mais-dificuldade-de-abandonar-o-cigarro-do-que-os-homens&id=3967).

O que não deixa de ser, trocando em miúdos, uma forma torpe de "fidelização da clientela": publicidade específica para um público ainda mais propenso ao vício!

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