Já faz dias que não comento um único artigo de vulgarização científica. Não que me faltasse vontade, mas é que eu andei tendo coisa mais interessante (ou mais absurda) para comentar nesses últimos dias. Só que a notícia que li agora há pouco na Folha Online, baseada em um artigo publicado na revista científica "Nature Photonics", me deu vontade de quebrar meu jejum de semanas.
A notícia em questão fala do brilhante (literalmente!) experimento dos cientistas Malte Gather e Seok Hyun Yun, do Wellman Center for Photomedicine do Hosptial Geral de Massachusetts (EUA): a programação genética de células do rim humano para a produção de luz laser (http://www1.folha.uol.com.br/bbc/929617-cientistas-programam-geneticamente-celula-para-emitir-luz-laser.shtml).
Mas como isso é possível? Segundo a matéria, as células do rim humano foram programadas geneticamente para produzirem uma proteína muito commum em águas-vivas - a Green Fluorescent Protein (GFP) - que, quando iluminadas por uma luz azul, são capazes de emitir luz verde fluorescente.
Até aí, tudo bem. O experimento, que tem seu quê de exotismo, também tem outro de utilidade: "em terapias baseadas em luz, diagnóstico e geração de imagens", cita a matéria, a luz é trazida de um ponto exterior para o tecido; agora, com esta nova técnica genética, a luz pode ser amplificada pelo próprio tecido, mesmo em cavidades mais profundas.
Bem, como eu ando caçando motivo para rir à toa (já que nem sempre esses motivos caem sentados no nosso colo), já pude prever uma série de incovenientes futuros com o advento da nova técnica:
1. Grande baile das hemácias na boca do Esôfago: as células do rim, apesar de convidadas, não conseguiriam se deslocar a tempo e chegariam quando o baile já tivesse acabado;
2. Na época de Natal, nunca teria proteína GFP que chegue para manter a decoração acesa;
3. Na hora "H" da fecundação do óvulo pelo espermatozóide, campeão da grande maratona intravaginal, é ela quem vai ficar segurando vela, ou melhor, luz verde fluorescente?
4. Quanto aos óvulos não-fecundados, estes serão ainda mais infelizes: eles não poderão dormir à noite por conta da luz fluorescente emitida pelas células renais; a menos, claro, que eles usem máscaras para dormir...
5. Quer cor será o xixi de quem tem proteína GFP nas células do rim? Verde fluorescente?
6. Haverá conversão em massa das células renais a alguma religião quando estas atingirem a Iluminação?
Por essas e outras tantas questões deixadas em aberto, vou preferir aguardar estudos comportamentais mais conclusivos. Uma boa noite para todos!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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