UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Paranoia voadora

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Paranoia voadora

Sinto muito, mas hoje eu decidi que quero terminar minha semana rindo.

Já estava com os dedos no teclado para falar da última campanha publicitária da Benetton, quando me deparei com uma pérola publicada na Folha Online no dia de hoje. Resultado: acabei deixando a Benetton para outro dia. Sinceramente? Até agora não me arrependi da troca.

Bem, já ouvi dizer que, do ponto de vista clínico, existem paranoias crônicas e agudas, isto é, elas variam em frequência e intensidade: associadas a crises mais pontuais, podem também se expressar em comportamentos mais duradouros, prolongados ou crônicos, dependendo do gosto do freguês.

Seja lá qual for a sua paranoia de predileção, a notícia da Folha narra um caso de paranoia típico do pós-11 de setembro (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1008200-piloto-fica-trancado-no-banheiro-e-causa-panico-em-voo-nos-eua.shtml). Resta agora saber se ele é um caso do tipo crônico ou agudo.

A notícia em questão descreve um mal-entendido, ocorrido na 4a feira desta semana, em um vôo da companhia aérea Chatauqua Airlines que aterrissaria no aeroporto LaGuardia, em Nova York. Duas versões dos fatos são apresentadas na notícia. A primeira, mais compacta, narra o evento da seguinte forma: "Preso no banheiro da aeronave, o piloto bateu na porta para chamar a atenção. Um passageiro que o ouviu tentou avisar o co-piloto, que ficou sozinho na cabine de comando".

Tudo teria ficado nisso mesmo se uma fonte anônima não tivesse repassado dados adicionais ao jornal New York Post, suficientes inclusive para compor uma versão totalmente melhorada, isto é, repleta de citações diretas da suposta fala do co-piloto.

Eis os fatos na versão extendida: " 'O piloto desapareceu e há uma pessoa com forte sotaque estrangeiro tentando entrar na cabine do piloto', disse o co-piloto usando um canal de áudio à torre de controle do aeroporto, que devia dar a permissão para o avião aterrissar".

Recusando-se a deixar o passageiro entrar para dar seu recado, o co-piloto decide entrar em contato com a torre para buscar auxílio. "Em terra, a atitude do controlador de tráfego aéreo que acompanhou o avião acabou piorando a situação. Ele recomendou ao co-piloto que declarasse estado de emergência e pousasse o avião rapidamente. Caças da Força Aérea foram colocados em prontidão, mas não chegaram a decolar".

O desfecho? "O mal-entendido durou vários minutos até que o piloto conseguiu arrombar a porta com defeito e voltou ao seu posto na cabine. O avião acabou aterrissando normalmente às 18h30 de quarta-feira (hora local)".

Sorte do pobre passageiro que, cheio de sotaque e boa vontade, só tentava ajudar. Coisa certa, andar de avião deixou de ser uma coisa simples para quem tem sotaque, aparência e nacionalidade suspeitas. Palavra de quem já cansou de ser considerada marroquina ou argelina.

Em homenagem a todos os grupos perfilados pelas práticas policiais, minha singela homenagem com esta outra pérola humorística que narra uma situação similar à da notícia acima, mas com um desfecho totalmente surpreendente. Para quem não conhece, aqui vai "The Pilot", um dos episódios mais famosos dos cyber-comediantes Tête-à-Claques.

Fica aqui a versão em inglês por ser mais acessível, apesar da versão em francês ser infinitamente mais engraçada. Obra do sotaque! Lá, pelo menos ele serve para fazer rir.

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