UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Esquecimentos

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Esquecimentos

Você aí, que anda esquecendo para trás objetos e eventos importantes - tais como pagar contas, comprar comida e me presentear no meu aniversário - tem agora todos os motivos do mundo para ir correndo até o site da Folha online e ler esta interessante reportagem sobre memória (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1013322-falha-de-memoria-acontece-em-qualquer-idade-faca-o-teste.shtml).

A matéria é um verdadeiro lenitivo para os esquecidos de plantão. Ela revela, logo de partida, que falhas na memória acontecem em qualquer idade e "por motivos comuns: nervosismo, estresse, insônia, cansaço, excesso de informações". Indo de encontro à crença de que a perda de memória é algo vinculado exclusivamente ao envelhecimento, opta-se por uma explicação em que fatores meramente circunstanciais ganham relevância no processo de esquecimento.

De acordo com esta última perspectiva, a falta de sono é um fator-chave: "dormir pouco resulta em perda de atenção no dia seguinte, além de atrapalhar no armazenamento de informações anteriores", explica o neurologista Luciano Ribeiro Pinto Júnior.

Além das horas mal-dormidas, o consumo de bebidas alcóolicas é outro fator importante que pode ocasionar desde perdas pontuais de memória (a tão conhecida "amnésia alcóolica"), até processos mais cumulativos que aumentam ao longo dos anos e que podem "prejudicar as funções cerebrais de forma irreversível" (a chamada "demência alcóolica").

Por fim, há ainda aquele tipo de esquecimento salutar que possibilita que coisas mais relevantes sejam seletivamente recordadas. É o neurologista Benito Damasceno, da Unicamp, quem explica: "Para recordar seletivamente o que interessa você tem que inibir, bloquear ou esquecer certas coisas. É inútil lembrar-se de tudo". Isso, claro, sem contar com casos mais extremos que implicam no esquecimento de fatos pertubadores ou traumáticos: "Faz parte do equilíbrio da mente deixar alguns fatos no âmbito do inconsciente", revela Damasceno.

E que estamos falando em memória (e na falta dela), amanhã é um dia crucial para que carreiras de políticos desonestos não caiam no total esquecimento. E pode ser que você precise esquecer muita coisa suja para seguir adiante, caso o parecer do Ministro Luiz Fux, relator de uma das ações referentes à Ficha Limpa que serão julgadas amanhã pelo Supremo Tribunal Federal, seja acatado pelos demais ministros (http://www1.folha.uol.com.br/poder/1014103-supremo-deve-voltar-a-julgar-amanha-lei-da-ficha-limpa.shtml).

De acordo com o parecer de Fux, "os políticos só podem se tornar inelegíveis se renunciarem após a abertura de processo disciplinares contra eles". Más notícias para quem tem memória: "na prática, se essa parte do voto prevalecer, a decisão livra pessoas como Joaquim Roriz e Jader Barbalho da inelegibilidade. Isso porque ambos renunciaram antes da abertura do processo".

Com tanta notícia boa sobre falhas na memória, você, meu caro leitor, já reuniu informação suficiente para justificar publicamente seus eventuais lapsos de memória da história política recente. Com a carta da Lei da Ficha Limpa fora do baralho nas próximas eleições em 2012, só nos restará escolher o motivo de tanto esquecimento: falta de sono, alcoolismo ou trauma pós-eleitoral.

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