UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Tombamentos de toda ordem

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Tombamentos de toda ordem

Cotinuando a conversa inciada na 6a feira passada, quando aquela diarista grávida que caiu do décimo andar de um prédio e saiu ilesa - ela e o bebê (http://cronicasdejuvenal.blogspot.com/2011/10/bendita-arvore.html).

Pois bem, ela teve alta hoje, segundo nota divulgada pelo Hoje em Dia online: "A diarista deixou o hospital por volta das 9 horas. De acordo com a Secretaria de Saúde de Santa Catarina, ela não sofreu nenhuma fratura e nas próximas semanas terá de ficar em repouso. O bebê passa bem" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/2.349/gravida-que-caiu-do-10-andar-recebe-alta-em-sc-1.364353). A jovem de 25 anos pode agora ir para casa gozar de seu mais que merecido repouso.

O mesmo não aconteceu com os moradores do bairro Glória, no Rio de Janeiro, que perderam o sono tentando entender um furto: "Uma estátua de ferro de 400 kg desapareceu misteriosamente de um casarão na Glória que abrigava o asilo São Cornélio, na zona sul do Rio, na madrugada desta quarta-feira" (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1001375-estatua-de-400-kg-desaparece-de-casarao-na-zona-sul-do-rio.shtml).

A pobre da estátua nada mais fazia do que ornar a entrada do asilo, uma construção do ano de 1868, que é tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), mas que infelizmente beira também aquele outro tipo de tombamento. O depoimento é do delegado da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal do Rio, Fábio Scliar, encarregado de investigar o caso: "Encontramos um quadro desolador. Parte do telhado está destruída, há infiltrações nas paredes [...]. O casarão está muito deteriorado."

Mas quando a questão é cobrar pela responsabilidade, a coisa vira um autêntico jogo de empurra-empurra: o delegado da PF acha que, para muito além do desaparecimento da estátua, é o estado de conservação do imóvel que merece ser investigado; para o IPHAN, a manutenção do casarão é de responsabilidade da Santa Casa de Misericórdia; e segundo a assessoria da Santa Casa, a responsabilidade pela manutenção do casarão de responsabilidade da empresa particular que aluga o imóvel.

E enquanto o joguinho corre solto, o casarão - já tombado e desfalcado de seu belo ornamento - corre o risco de tombar ainda mais: so que desta vez será irremediavelmente rumo ao chão. Se for este o caso, o know-how da diarista pouco poderá ajudar. É que ela foi amparada por um bendita árvore antes de chegar ao chão. Mas quantas árvores aparariam o descaso com patrimônio histórico mal-cuidado? Nem a Floresta Amazônica, penso eu.

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