UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: No túnel do tempo da publicidade 12

terça-feira, 26 de julho de 2011

No túnel do tempo da publicidade 12

Dólar despencando, fluxo cambial positivo, bancos morrendo de tanto ganhar dinheiro no Brasil. Alegria, alegria: "Brasil virou o quinto destino de investimentos estrangeiros produtivos do mundo", anuncia o jornal O Globo Online (http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/07/26/brasil-virou-quinto-maior-destino-de-investimentos-estrangeiros-produtivos-do-mundo-diz-unctad-924975465.asp).

Pois bem. O mote do dia não é o lucro dos bancos, nem as políticas cambiais do Banco Central. Minha proposta hoje é mostrar as especificidades do sistema bancário brasileiro por meio de um rápido percurso histórico da publicidade deste segmento no Brasil.

Para início de conversa, a integração dos bancos em um sistema nacional (ou internacional, se levarmos em consideração as bandeiras VISA e Credicard) é mais recente do que muitos julgam. Tá aqui um publicidade do Unibanco do ano de 1981 que não me deixa mentir: nessa época, era importante ter um banco com agências em diversas cidades. Lembremos que naquela época, o Banco 24 horas e os guichês automáticos nem sonhavam em existir. Saque, só se fosse na boca do caixa. Razão pela qual o Unibanco se vangloriava de ter uma cobertura equiparável à da TV, um exagero em parte aceitável: não que a cobertura do Unibanco fosse das piores para aquela época, mas porque uma rede de TV genuinamente nacional só veio a ocorrer em 1982, com a implantação de um canal de satélite do sistema Intelsat. Já a segunda publicidade, também de 1981, marca a criação do primeiro fundo de renda fixa do Banco do Brasil:o RDB. Prontinho para dar segurança para o público feminino, como a foto parece surgerir.

Passados 10 anos desde então, o Brasil já havia mudado um bocado. A ditadura tinha ficado para trás com as eleições diretas de 1989 e Collor já havia liberado o mercado interno para produtos importados em 1990. A publicidade da Maxipoupança Meridional, veiculada em 1991, acabou me lembrando de um detalhe interessante: as cadernetas de poupança tinham aniversário (muito embora fosse mais adequado dizer "mesversário") e só podiam receber depósito naquela data. Ou melhor, você é que não poderia sacar fora da data. Enfim, seja lá o que for: com a Maxipoupança não tinha mais disso, você podia depositar em qualquer data. A ordem, portanto, é "flexibilizar" as operações. Rezando nesta mesma cartilha, eis que o Banco Mercantil de São Paulo resolve criar a Conta Positiva Finasa. Com ela não tem cheque sem fundo. Desde que - é claro - você tenha mais investimentos no banco. Faltou dinheiro para cobrir o cheque? Ela vai lá e busca seu próprio dinheiro para cobrir um rombo que é seu mesmo. Nada mais justo, portanto!

As duas últimas publicidades deste comentário foram veiculadas em 2001, isto é, há dez anos atrás. Em pleno mercado globalizado, um banco pode oferecer muito mais do que poupança para a classe média e investimentos para a classe alta. A publicidade da Sudameris, por exemplo, explora um segmento novo ao divulgar uma linha de financiamento para pagamento do décimo terceiro salário para pequenas e medias empresas. Lembrando, claro, que décimo terceiro salário é coisa de Brasil. Portanto, corra antes que acabe!

Aliás, o perfil do usuário de contas bancárias mudou muito desde a década de 1980. Hoje, todo mundo precisa de um CPF e de uma conta bancária para receber seu salário, o que não era o caso naquela época. As agências se popularizaram e com isso o volume de pessoas que fazem uso delas. Uma solução encontrada no início da década passada foi premiar o usuário que deixa suas contas em débito automático, como revela essa publicidade de página dupla do Banco Real. O texto fala em tranquilidade e economia (no caso de contas pagas com atraso) para o cliente e o banco também respira aliviado.

Sem débito automático e serviços bancários online, aliás, os bancos já teriam naufragado em 2011: é que entraram em cena diversas leis municipais que estipulam que o tempo máximo de espera em uma fila de banco deve ser de 15 minutos, como no Rio de Janeiro (lei municipal 5.254). Como se pode perceber, os tempos mudaram: com ele, o público-alvo dos produtos do banco, os serviços oferecidos e o tempo durante o qual cada serviço deve ser dispensado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário