UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Para quem viu ou quer ver a avó pela greta

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Para quem viu ou quer ver a avó pela greta

Se você tem avós vivos ou pelo menos pôde conviver com algum deles em determinado momento da sua vida, considere-se mais feliz do que os neandertais. É que um estudo publicado na Revista Scientific American informa que ser avô ou avó - um fenômeno recente na espécie humana - data dos últimos 30 mil anos (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/949478-ser-avo-e-fenomeno-recente-dos-ultimos-30-mil-anos.shtml).

A razão para o desfalque de avós é simples: "Vale lembrar que, se as pessoas hoje prolongam suas vidas em decorrência da melhoria da qualidade de vida, ser avô no passado significava passar dos 30 anos". Assinado pela paleontóloga Rachel Caspari, o estudo em questão analisa uma amostra de 768 indivíduos para verificar quais foram aqueles que passaram dos 30 e viraram avós. Dentro os vários grupos analisados, ganharam os europeus modernos do Paleolítico Superior, que conseguiram manter as taxas mais altas de longevidade com relação a outros grupos e puderam ver seus filhos gerando filhos.

"Os pesquisadores dizem que não sabem explicar por que os europeus modernos passaram a viver mais", afirma matéria da Folha Online. "Eles afirmam, porém, que os mais velhos colaboraram significativamente com seu grupo de convívio" e que "provavelmente transmitiram conhecimentos adquiridos pela experiência ou pela longevidade, ajudando os mais novos a identificar plantas venenosas ou a fabricar uma faca de pedra".

Aliás, um sinal claro de que a coisa vai mal é quando não se quer ver filhos de ninguém gerando outros filhos. Anders Behring Breivik, réu confesso de matar pelo menos 92 pessoas no centro de Oslo e na adjacente Ilha de Utoya no último dia 22 de julho, tinha uma intenção clara: levado à corte em Oslo esta manhã, "o norueguês de 32 anos disse ainda ao juiz que quis induzir a maior perda possível ao governista Partido Trabalhista, para que não consiga mais recrutar novos filiados" (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/949634-em-manifesto-na-internet-atirador-noruegues-diz-que-brasil-e-disfuncional.shtml).

Brevik usou a mesma estratégia dos seus antepassados, só que virada ao avesso. Se a longevidade só trouxe benefícios às gerações mais novas, graças à transmissão de conhecimento que ela possibilitou, sua "solução" foi cortar o mal pelas folhas e não pela raiz: e lá se foram pelo menos 68 jovens numa carnificina sem precedentes na história da Noruega. No mínimo, deve ter deixado os europeus modernos do Paleolítico Superior enrubecidos de vergonha.

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