UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Nas nuvens

sexta-feira, 16 de março de 2012

Nas nuvens

Ainda sobre celebridades e suas peculiaridades físicas.

O turco Sultan Kosen já estava fadado a passar o resto do seus dias com a cabeça nas nuvens, ainda que não visse muita vantagem nisso. Também, pudera: medindo 2m51cm aos 29 anos, ele ainda não havia parado de crescer. (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/homem-mais-alto-do-mundo-parou-de-crescer-1.420295).

A razão? Ele sofria da chamada "doença de acromegalia", que era "causada por uma rara desordem hormonal que o fez continuar crescendo após atingir a fase adulta". Sua sorte, contudo, foi ter sido grande o suficiente para ter entrado para o Guinness como o homem mais alto do mundo, em 2009, quando media "apenas" 2m47cm. É ele próprio quem estabelece a ligação entre a sua cura e o recorde mundial de tamanho: "Sem meu recorde do Guiness, nunca teria essa oportunidade de contar às pessoas sobre a minha condição".

Filho de pais agricultores do sudeste da Turquia, Kosen provavelmente não poderia ter arcado com o seu próprio tratamento. Mas fato é que, passados dois anos de uma neurocirurgia que extirpou o turmor que causava seu crescimento desordenado e de sessões de radiocirurgia com raios gama, paciente e médicos comemoram juntos o fim do seu crescimento.

Seu percurso contrariou todas as expectativas: parou de crescer para continuar vivendo; ficou célebre para achar a cura; estancou o processo que lhe garantiu sua condição de excepcionalidade. A impressão que fica é a de que, no fundo, no fundo, ele tenha sonhado com outra vida bem diferente da sua como celebridade. Talvez, ele tenha sonhado apenas em não ser nem grande demais, nem pequeno mais, mas com espaço suficiente para ser ele mesmo.

Mas tudo isso não passa de especulações sobre sentimentos e expectativas de vida de alguém sobre a qual pouco ou nada sei. Afinal, os sonhos são dele, não meus. Pouco importa. Celebremos então a alegria do homem mais alto do mundo, aquele que vive com a cabeça nas nuvens e que acaba de parar de crescer. E deixemos essas outras questões de alta complexidade para outro momento, curtindo a música minimalista de Jack Johnson:

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