UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: "Gadgets" pseudo-necessários

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Gadgets" pseudo-necessários

O Blog Digital & Media publicou ontem uma matéria que atentava para a irracionalidade dos hábitos de consumo dos "gadgets" eletrônicos (leia-se se "tranqueira") como o iPad 2 (http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2011/05/29/mal-foi-lancado-ipad-2-usuarios-ja-esperam-pelo-ipad-3-924559294.asp).

A bem da verdade, sem explorar muito o tema em primeira mão, o blog apenas replicava comentários atribuídos seja ao site "ReadWrite Mobile", seja a supostos rumores em curso na Internet sobre o futuro lançamento do iPad3. Sobre essa necessidade de prospectar características de um produto que ainda nem sequer foi lançado, o blog avalia: "Segundo especialistas, essa ansiedade revela um comportamento cada vez mais frequente no mundo tecnológico: a necessidade de consumir lançamentos ignora a racionalidade, e pagar mais por mudanças mínimas é o preço emocional do objeto de desejo".

Na pior das hipóteses, os "especialistas" (quem mesmo?) em questão acertaram em cheio sobre uma coisa: essa obsessão besta de querer ter sempre o último lançamento de algo totalmente inútil para uma dada realidade de consumo. Essa colocação me fez pensar em um papo que tive certa vez com a minha amiga Elô quando morávamos em Montreal: que saco esse deslumbramento de amigos, parentes e afins aqui no Brasil com tudo o que é moda em algum lugar do mundo!

Mas se o deslumbramento ficasse só na babação em cima do último modelo de iPhone, ainda ia. O problema é que deslumbramento logo virava cobrança e competição: você viu? Não conhece? Não comprou? Em que mundo você vive? Não adiantava a mínima você argumentar que um celular, por exemplo, pudesse ser totalmente inútil em uma cidade em que a telefonia local era gratuita, que existia serviço de caixa postal virtual em casa, que tudo funcionava perfeitamente, que nunca se tinha perdido nenhuma proposta de emprego, nem desencontrado de amigo algum, resumindo: NADA adiantava! Nunca!

Estranha essa mania de querer sempre estar em conexão com uma pseudo-vanguarda, quando as necessidades concretas apontam para coisas muito mais simples e menos sofisticadas. Talvez seja uma grande necessidade de querer se sentir inserido em um contexto mais "descolado". Talvez seja medo de "ficar para trás". Mas para trás de quem, se a atitude em si já é um atraso?

Senhoras e senhores: boa noite! Vou dormir muito bem sem saber para que vai servir esse tal iPad3.

P.S.= Um leitor bem-informado me sugeriu essa música como trilha sonora do post. A letra cai como uma luva, hehehê!

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