UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: O lobo do lobo do homem

terça-feira, 1 de maio de 2012

O lobo do lobo do homem

A sincronicidade é um daqueles fenômenos que conecta eventos aparentemente díspares e distantes, fazendo-os parecer próximos.

Pois bem: notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online dá uma dimensão do nível de deterioração que anda assolando as relações humanas: "Americana é processada por morder seu cachorro", avisa o título da matéria (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/americana-e-processada-por-morder-seu-cachorro-1.439900).

Bem, se você já arregalou os olhos imaginando a suposta cena, prepara-se: o cão não foi a única vítima. Analise Garner, a autora da proeza, "uma americana de 19 anos que mordeu seu buldogue durante uma briga com a mãe foi processada por crueldade contra os animais, anunciou a polícia". Como se não bastassea dupla agressão, um fato

Mas o mais insólito mesmo dessa dupla agressão é que tudo indica que sua autora não vai ser processada por morder a mãe, mas, sim, por morder o cachorro! " 'O cachorro acabou mordendo Analise nas costas em letítima defesa', explicou o sargento Mike Smith. 'Não haverá acusação contra o cachorro', acrescentou". Ufa, ainda bem! Seria um constrangimento sem precedentes pedir a um cão agredido que narrasse, com detalhes, a imagem da filha mordendo a mão da mãe!

Enquanto isso, no Santuário do Caraça - lugar relativamente ermo onde não pega celular, Internet ou GPS - um lobo-guará dá aulas de civilidade e vem comer pacificamente, bem próximo das mãos humanas.



Mundo de estranhas contradições esse nosso: só mesmo a desconexão das "benécias" da tecnologia humana para nos fazer pensar na distância que nos separa de determinadas pessoas - ou grupos de pessoas - e que essa pode ser muito maior do que uma simples distância geográfica. A sincronicidae, neste caso, me fezrefletir sobre a inversão dos papéis que atribuímos corriqueiramente aos seres humanos e aos animais.

No final das contas, vou acabar mesmo é concordando com Caetano Veloso: "sejamos o lobo do lobo do homem".

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