UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Santa Inocência, Batman!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Santa Inocência, Batman!

Meu nome hoje seria Perplexidade, mas acabei trocando-o por Desânimo.

Para falar a verdade, eu não estava nem aí com esse lero-lero em torno das fotos íntimas de Carolina Dieckmann. Há alguns anos, quando eu ainda campeava em terras estrangeiras, pude ouvir de longe o mesmo tipo de polêmica em torno da privacidade com o caso Cicarelli. Daquele burburinho, ficou só uma lição: o produto imagético motivador da polêmica costuma não valer nem o esforço de uma procura no Google.

Mas só fui mudar de nome mesmo quando li esta matéria publicada na Folha online de hoje, abordando medidas práticas para que "textos, fotos e vídeos íntimos fiquem bem guardados" (http://www1.folha.uol.com.br/tec/1089392-fotos-de-dieckmann-nua-tiveram-8-milhoes-de-acessos-saiba-como-proteger-as-suas.shtml).

Para início de conversa, a principal maneira de impedir que seus arquivos delicados caiam nas mãos de terceiros é a criptografia. Isto significa "embaralhar as informações dentro deles" e só torná-las legíveis novamente por meio de senha.

Só que aí começa o receituário para alavancar uma senha "poderosa", isto é, dificilmente advinhável por um hacker mal-intencionado. Ela deve ter pelo menos 8 caracteres e misturar letras, números e símbolos. E você se pensou em utilizar aquele dispositivo gentilmente oferecido pelo seu navegador como paliativo contra a complexidade a senha, pode desistir: as senhas armazenadas assim também podem ser facilmente interceptadas por hackers. O mesmo vale para as famosas perguntas-chave, valiosas quando se quer lembrar da senha esquecida: não vale usar informações facilmente garimpáveis nas redes sociais, como cidade onde nasceu, time preferido, etc.

Além dos programas de criptografia (alguns deles até gratuitos), ainda tem mais coisa para ser baixada para proteger seus arquivos: programas "trituradores" como CCleaner prometem apagar para sempre aqueles arquivos que você achava que tinha excluído simplesmente porque você os jogou na lixeira o seu cumputador. E se você achava que as coisas funcionavam assim, benvido(a) ao mundo dos espertos: arquivos exlcuídos na lixeira podem ser recuperados, "mesmo que a máquina seja reformatada". Ugh!

E se você achou que o martírio tinha terminado, calma que ainda tem mais informação para acabar com sua santa inocência internética de vez: você certamente terá que desembolsar mais algum dinheiro extra para comprar um HD externo, dar preferência a acessos a serviços de Internet pagos em detrimento das redes sem fio públicas (sem senha), atualizar devidamente seu anto-vírus, além de contratar uma babá todas as vezes que chamar um técnico de informática na sua casa.

É isso mesmo. A matéria incita vigilância estrita sobre o(a) funcionário(a) em questão: "Se você precisar consertar sua máquina, remova a unidade de armazenamento dela ou peça ao técnico que faça o conserto na sua frente". Mas como é que eu vou fazer uma coisa dessas se eu ainda estou apnhando para saber o que é unidade de armazenamento? Aos mais aflitos como eu, a matéria ainda tenta dar alguma esperança: "Se isso não for possível, vale a pena usar a criptografia ou o triturador de dados". E assim voltamos ao topo da lista de sugestões. Bravo!

Claro, com tanta coisa para entender, providenciar e administrar, o sono dos justos corre o risco de ficar abalado. Na verdade, já sinto saudades dos tempos em que não tinha conhecimento desses "perigos" e podia dormir tranquila, sem me preocupar com hackers de nenhuma ordem.

Mas os tempos mudaram! O jeito vai ser recuperar o sono perdido, seguindo o passo-a-passo desse outro receituário: "Conheça sete maneiras de acabar com a insônia sem usar remédios" (http://oglobo.globo.com/saude/conheca-sete-maneiras-de-acabar-com-insonia-sem-usar-remedios-4877384). Resta agora saber se vai me sobrar algum tempo para dormir.

Emfim... boa noite para quem fica!




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