UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Recusas

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Recusas

Eu hoje cheguei à seguinte conclusão: recusar o óbvio não é só uma questão de limitação intelectual ou mesmo de desvio de personalidade; é uma questão de conexão com o tempo e o lugar em que se está inserido. Na minha humilde opinião, quem recusa o óbvio apresenta problemas seríssimos de autismo social e merece ser punido com o rigor da lei. E pronto, acabou!

A razão de tanta revolta é esta notícia vexamosa publicada hoje no jornal Hoje em Dia online: "Um passageiro desistiu de voar após saber que a aeronave seria pilotada por uma mulher" (http://www.hojeemdia.com.br/minas/homem-se-recusa-a-voar-com-piloto-mulher-em-confins-1.449152).

Para nossa completa consternação, "o fato aconteceu no sábado (18), durante o embarque do avião da companhia Trip Linhas Aéreas, no aeroporto Tancredo Neves, em Confins, Região Metropolitana de Belo Horizonte". Só me resta então agradecer a este ignóbil cidadão, cuja identidade não foi revelada pela Assessoria de Imprensa da Trip, por ter colocado a Roça Grande na rota do autistas sociais, dos que perderam o trem bala da história e ainda por cima ficam tropeçando nos trilhos.

O fato é grave, mas a reação da Trip me deixou ainda mais consternada: "Diante deste fato, a comandante 'convidou educadamente esse senhor a sair da aeronave', informou a Trip. O passageiro foi escoltado de volta ao aeroporto e aguardou por outro voo."  Está tudo errado, Dona Trip! Liberar o passageiro do vôo é reconhecer - mesmo que implicitamente - que existe razão suficientemente válida para alguém se recusar a ser guiado por um piloto do sexo feminino.

O certo mesmo seria a comandante obrigar o passageiro a permanecer no vôo, só que com pequenas alterações na rota inicial: da Roça Grande, a aeronave partiria em vôo direto para Porto Alegre; de lá, pularia para Salvador, com direito a troca de aeronaves passando pela pista de decolagem e sob o sol de meio-dia; o vôo então seguiria para Recife, Rio Branco, Campo Grande, Manaus, São Paulo, Vitória, São Luís do Maranhão e Macapá, nesta ordem estrita, para só então retomar a rota Goiânia-Tocantins.

Um banho de realidade: eis o que merece o infrator! Que é para pensar duas vezes antes de abrir a boca e despejar conteúdo ilícito e impróprio para os ouvidos mais afinados com o seu tempo e lugar no planeta Terra.

E tem mais: quando eu chamar essa cidade onde vivo de "Roça Grande", por favor, compreendam: eu nunca estou exagerando! Os indícios de provincianismo são fortes e as atitudes condizentes com a nomenclatura. O pior cego, meu caro leitor, é aquele que não quer ver. E tenho dito!

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