UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Bombus - em busca do tempo perdido

terça-feira, 29 de maio de 2012

Bombus - em busca do tempo perdido

Alguns países como o Canadá e a Suiça praticam há anos uma política de imigração seletiva. O Reino Unido também, mas só que desta vez as trabalhadoras não vem dos países em estágio avançado de desespero humano. As trabalhadoras visadas pela nova política de imigração vêm logo ali do norte, isto é, da Suécia... e têm asas!

Matéria publicada hoje no O Globo online dá detalhes desta nova empreitada migratória: "Cientistas britânicos pretendem recuperar 24 anos perdidos, tempo em que um tipo de abelha (Bombus subterraneus), também conhecida no Brasil como mamangaba, foi dada como extinta no Reino Unido. Os especialistas reintroduziram nesta segunda-feira a espécie trazendo insetos da Suécia, depois de três anos de trabalho" (http://oglobo.globo.com/ciencia/depois-de-24-anos-abelha-retorna-ao-reino-unido-5041707#ixzz1wDs2s2c7).

Pois é... No mundo dos países do dito Primeiro Mundo, políticas compensatórias de combate às desigualdades - demográficas, neste caso específico - entre países só acabam em alegre colaboração porque o assunto é fauna: "A abelha tem um papel importante na polinização das plantas. Porém, o inseto enfrentou um declínio estimado em 97% no Reino Unido. Na Suécia, por outro lado, sua população está aumentando". Se fosse um exército de trabalhadoras somalis, ávidas por um prato de comida, não sei se a transferência teria sido tão bem acolhida...

A diferença básica é que aqui o excesso populacional de uns é bem recebido por outros. E a política migratória tem requintes, vejam só: ela vem associada a uma política de assentamento no campo. "Os ambientalistas que atuam no projeto vão continuar monitorando as abelhas. Eles também estão trabalhando com agricultores para que o habitat delas seja conservado. Muitos chegaram a receber para que certos tipos de flores sejam plantadas ou mantidas. Outros são orientados a não cortar o feno para silagem tão cedo".

Em entrevista ao jornal The Guardian (e não "Gardian", conforme citado na matéria do jornal O Globo), um tal Nikki Gammans, responsável pelo projeto de reintrodução das abelhas, afirmou  que "este é um símbolo de que ainda há esperança: não temos de ficar passivamente assistindo a perdas de espécies e habitats".

Bem, se ainda há esperança, então está tudo bem. O problema vai ser se, um dia, a política migratória das abelhas falhar e a Bombus subterraneus resolver fazer jus a seu nome, promovendo atentados no metrô de Londres.

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