UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Autorretrato de Da Vinci

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Autorretrato de Da Vinci

No mínimo curiosa essa lamúria em torno do atual estado de conservação do autorretrato de Leonardo Da Vinci!

A abordagem do tema por uma notícia publicada na Folha de S. Paulo online hoje não poderia ter sido mais dramática: "Leonardo da Vinci está doente e ninguém sabe de fato se ele será capaz de receber visitantes outra vez", lamenta logo de cara (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1110998-famoso-autorretrato-de-da-vinci-esta-em-pessimo-estado.shtml).

Antes que alguém aí pergunte, já vou logo avisando: não, não ressuscitaram o homem. Estão falando realmente do autorretrato: "Especialistas em conservação e restauração de arte recentemente concluíram semanas de exames no famoso autorretrato de um dos maiores gênios da história, pintado no início dos anos 1500 quando ele era sexagenário", informa. "O pequeno desenho do mestre renascentista, que mede 33,5 centímetros por 21,6 centímetros, mostra Leonardo com olhos pensativos e inchados, sobrancelhas grossas e uma barba solta".




Tudo isso porque o retrato, senhoras e senhores, está sofrendo a ação do tempo: "Os estudos não invasivos confirmaram os piores temores dos especialistas: o desenho está seriamente danificado e se deteriorando e qualquer restauração seria delicada e arriscada, para dizer o mínimo".

Antes que alguém proteste e me chame de rabugenta, gostaria de fazer duas ponderações sensatas: 1) se tudo sofre com a ação do tempo (inclusive o autor da obra, que já foi desta para melhor), por que com o retrato seria diferente? 2) Se o autorretrato de Da Vinci não envelhecer, ele não será o autorretrato de Da Vinci, mas, sim, o autorretrato de Dorian Gray.

Mas a saga do autorretrato de Da Vinci está repleta de ironias. Já que o desenho parece mesmo "condenado à morte", a solução encontrada foi conservá-lo bem perto dos mortos: "O desenho, que é mantido em uma catacumba em Turim, foi mostrado em uma exibição extremamente rara por dois meses no ano passado em relação às celebrações pelo 150º aniversário da unificação da Itália".

Triste fim o desse registro pictórico de grande raridade: "a testa de Leonardo, o nariz aquilino e as bochechas gordas dão a impressão de que ele tem um caso grave de sarampo". Com tanto exagero diante dos sintomas de doença ou envelhecimento "precoce", a impressão que fica é a de que estão tomando a obra pelo seu autor.

Mas se a intenção for esta mesma, então há muito pouco a ser feito: só nos resta desejar melhoras a esse pedaço de papel e uma rápida recuperação em algum ponto entre uma clínica geriátrica e uma clínica de estética da pele.





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