UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Alcatraz

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Alcatraz

Sim, eles existem: ratos libertários!

Pesquisa publicada na Revista Science esta semana e replicada hoje na Folha Online, descreve experimento inusitado com ratos no Departamento de Psicologia da Universidade de Chicago: "ratos que aprenderam a libertar seus companheiros da prisão" (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1019022-ratos-libertam-companheiros-em-uma-demonstracao-de-empatia.shtml).

O experimento consistia no seguinte: 30 ratos foram distribuídos, aos pares, em um mesmo recinto para conviverem durante duas semanas. Em seguida, um deles era fechado em uma cela, enquanto o outro era deixado livre para interagir com ela. "Após cerca de uma semana, quase todos os bichos aprendiam que dava para abrir a portinhola e permitir que o parceiro escapasse".

Os resultados foram festejados como uma prova de que a empatia é algo passível de ser aprendido. Alguns fatores dificultantes foram introduzidos para tornar a prova mais desafiadora: "ao que tudo indica, eles não fuçavam na gaiola por pura curiosidade, já que jaulas vazias ou com brinquedos dentro não despertavam o mesmo interesse nos bichos".

Mas o maior desafio ainda estava por vir: o teste de resistência com a barra de chocolate! "O mais surpreendente veio quando a comparação entre uma gaiola com o companheiro e outra com uma barra de chocolate. Nesse segundo caso, os roedores não só abriam ambas as gaiolas com igual rapidez como também comiam só parte da guloseima, deixando o resto para o ratinho recém-libertado". Claro, como nem tudo é perfeito, a matéria dá poucos detalhes metodológicos do experimento. Outros dados importantes poderiam ter sido fornecidos para esclarecer as circunstâncias em que os ratos foram de fato testados em seu espírito de lealdade. Detalhes importantes como, por exemplo, o fato de os cientistas terem usado ou não alguma barra de chocolate suiço da marca Lindt para testar os ratinhos. Porque o chocolate for de 5a categoria, aí fica mais fácil entender tanto desprendimento...

Enfim... Neste mundão sem porteiras, onde se vê de tudo um pouco - inclusive seres humanos que não deixariam nem meia paçoca de lado para sair em auxílio de alguém - a escuta é o grande pressuposto para que a lição de empatia seja eficazmente processada: "Os pesquisadores também verificaram que o rato prisioneiro 'pedia socorro', usando chamados ultrassônicos de alerta que são típicos da comunicação da espécie".

Vou ficando por aqui, bastante sensibilizada com a lição aprendida pelos nossos amiguinhos de pelo e rabo longo. Contudo, não queria terminar este comentário, sem antes apontar uma contradição metodológica que passou despercebida pela matéria da Folha online e que, portanto, não se soube ao certo até que ponto ela pôde ser resolvida pela pesquisa. A contradição é seguinte: ora, se os resultados do experimento foram realmente tão positivos e se a lição de empatia tivesse sido realmente aprendida, estariam todos estes ratinhos até hoje, presos, no mesmo laboratório?

Fica a dúvida. Mas fica também a admiração. Boa noite e bom fim de semana para quem me lê.

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